sábado, 30 de maio de 2009

Cultural - Fernando Pessoa(s).

"Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena."


Sim, tudo vale a pena. Principalmente para os poetas, que brincam com as palavras.

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."

Essas palavras provem do, talvez, maior poeta de língua portuguesa que já passou pelo nosso mundo: Fernando Pessoa.


Fernando Pessoa na Baixa lisboeta.

Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa. Nunca foi casado com alguém que não a literatura, desde os primórdios da adolescência já escrevia poemas de qualidade. Mas contar a história dele é contar a história de várias outras pessoas. Detentor de uma imaginação além da comum, Pessoa criou e conviveu com heterônimos, portadores de personalidade própria. Para ele(s), apenas um ser humano não seria suficiente para a capacidade total de expressão. Esta, atingida quase que completamente pelo poeta português. Mas bem, ele pode falar melhor do que eu:

"Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser."

"Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração."


Para finalizar o Cultural desta semana, a síntese de Pessoa:

"Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!"



Para ler e ver mais de Pessoa, clique aqui e aqui.


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