sexta-feira, 31 de julho de 2009

Jornalismo e Política - A inversão de valores da mídia (in)dependente

Está no Conversa Afiada (blog do jornalista Paulo Henrique Amorim):

"Conversa Afiada denuncia Cristovam Buarque no Conselho de Ética

O Conversa Afiada encaminhou ao presidente do Conselho de Ética do Senado o e-mail abaixo:
A funcionária Cleane Batista, do gabinete do Senador, confirmou o recebimento deste email às 14h20 e disse que o Senador terá o conhecimento dele na segunda-feira.

Exmo. Sr. Senador Paulo Duque
Na qualidade de cidadão brasileiro e leitor do “Inferno” de Dante, gostaria de encaminhar a este Conselho de Ética denúncia contra o senador Cristovam Buarque, do PDT-DF, pelos motivos anexos neste “post” que escrevi em meu modesto portal “Conversa Afiada”.
Certo da sua superior consideração, lembro que sou eleitor do Rio de Janeiro …
Saudações
Paulo Henrique Amorim
"

Segundo o anexo do post a que ele se refere, Cristovam Buarque é definido como "traíra":

"O maior dos “traíras” é o Senador Cristovam Buarque.
. Ele não dá um passo que não seja para boicotar o Governo e o Partido a que serviu.
. Demitido por telefone do cargo de Ministro da Educação, Cristovam Buarque se tornou estrela da GloboNews, sempre que a Globo News precisa de alguém com “credencial” para falar mal do Governo Lula e do PT, a quem Cristovam Buarque serviu, agora se vê, já com a alma partida de um “traíra”."


Todos conhecemos o histórico (aparentemente) limpo de Cristovam Buarque. Baseando sua vida política no estandarte da educação (o melhor para um país como o Brasil), ele não parece envolvido nos inúmeros escândalos do Senado Federal. E foi, de fato, ministro da Educação do Governo Lula. Saiu por divergências. Viu as divergências da proposta de vida de Lula e de sua ação no Governo. E hoje, discorda disso e das bases do Governo - nada mais natural, aliás. Só isso. Ele não traiu ninguém. Discordou, saiu, e hoje defende o que acredita. Isso é política de verdade. Não faz parte dos jogos políticos de Renan Calheiros, José Sarney e da turma do PMDB. Esses jogos não são política, são espertezas. Assim como denominar Cristovam Buarque de "traíra".

Paulo Henrique Amorim fundamenta o seu blog numa crítica sobre a mídia tradicional. E ele tem razão, a crítica de mídia no país era, até pouco tempo atrás, irrisória - e uma mídia tão conservadora como a brasileira deve sim ser criticada, duramente até. Ela deve sofrer pressões para não sair do seu lugar, e lançar seus braços, indevidamente, sobre a política brasileira.

Porém, o blog de Paulo Henrique Amorim (em conjunto com outros como Luís Nassif) se transformou numa filial do gabinete presidencial. "Chapa-branca" como é conhecido por aí. Para ele, tudo, inevitavelmente tudo que a grande imprensa e o PSDB (ou qualquer outro que tenha a ousadia de se colocar no caminho do sagrado Lula) executam é golpismo, demagogia, traíragem.

Segundo os preceitos que Paulo Henrique adota para Cristovam Buarque, ele mesmo (PH) é "traíra". Ele já trabalhou na Globo e no Uol (host da Folha de S. Paulo), saiu, e hoje tudo que ele faz é criticar essas empresas de comunicação. Adotando o mesmo preceito, PHA é um traíra dessas corporações.

Claro que muitas vezes ele está certo. A mass media brasileira é editorializada. Atende interesses de certas classes - assim como o PSDB é golpista e reacionário. Entretanto, o que Paulo Henrique Amorim faz, da maneira que ele faz, é meramente campanha política. Foge da proposta de crítica. Assim, perde totalmente sua credibilidade jornalística. Lamentável.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Economia - Multas merecidas pelos serviços mal prestados.

Da Folha:
"Falha em call center rende multas de R$ 10 milhões a empresas, diz Procon-SP

da Folha Online
Atualizado às 13h35.

O descumprimento das novas regras do call center originou R$ 10 milhões em multas a empresas reguladas pelo poder público federal, informou nesta quinta-feira a Fundação Procon. O setor de telefonia lidera o número de reclamações de consumidores e o valor das sanções.
"

Segundo a reportagem, as maiores multas (R$3,2 milhões, o valor máximo de pena previsto no Código de Defesa do Consumidor) foram para as empresas Vivo e Claro.

As multas são justas - quem já tentou resolver um problema por call center de uma empresa telefônica sabe. Creio, entretanto, que esse valor é aceitável para as empresas, visto que sai muito mais em conta pagar essa multa do que aprimorar os serviços de atendimento ao consumidor. O golpe mesmo vem com a indenização que o Ministério da Justiça, por meio do SNDC (Serviço Nacional de Defesa do Consumidor), protocolou nessa semana contra as empresas BrOi e Claro. Segundo reportagem da Folha, o Governo cobra uma indenização no valor de R$300 milhões para cada uma das empresas, alegando o mau serviço prestado contínuamente pelas empresas.

Aguardamos, por ora, um melhor serviço do setor privado de telefonia no Brasil.
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A "pandemídia" se abate sobre o país. Aulas suspensas em vários pontos, e as crianças comemoram. Conto do vigário, caros. (clique para ampliar. Créditos)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Jornalismo - "O jornalismo pós-moderno"

Em ritmo de início de período universitário, volto a tocar no tema do diploma de jornalismo. Dessa vez, transcrevo uma parte do excelente artigo de Paulo Sérgio Pires, para o Observatório da Imprensa:

"Jornalismo pós-moderno e o time dos sem-canudo
Por Paulo Sérgio Pires em 21/7/2009

A desregulamentação da profissão de jornalista – que agora, a rigor, virou ofício – suscitou uma onda de protestos, queixas e profundas lamentações, pouco antes vista em se tratando de questões profissionais. Talvez tenha sido a primeira vez que o STF tenha colocado uma profissão no banco dos réus e a deixado sem quaisquer diretrizes para seu exercício, depois de décadas regulamentada.
Ainda que tenha estudado o tema da regulamentação por mais de duas décadas e seja formado em Jornalismo pela histórica Cásper Líbero, seja professor dessa habilitação em faculdades privadas, além de ter pós-graduação lato sensu e mestrado em Comunicação pela ECA/USP, confesso que não consigo ter opinião formada sobre esse tema complexo e espinhoso da obrigatoriedade do diploma. Por enquanto, costumo dizer que sou a favor do diploma como jornalista e contra como leitor, ouvinte, telespectador e internauta. [...]

O mercado se autorregula, é implacável e extremamente depurador e isso é um consolo para os que prezam a qualidade. Infelizmente, as faculdades – e não só as de Jornalismo – esqueceram o valor da reprovação e desta forma trucidaram o mérito. Igualaram bons alunos com maus alunos e no final do curso premiam com a mesma certificação a excelência juntamente com a mediocridade. [...]
"

Clique aqui para ler o texto completo (e leia mesmo! O texto é muito bom).

O jornalista Paulo Sérgio Pires expõe, de maneira concisa e justa, vários pontos envolvendo essa discussão - entre eles, a difícil adaptação de outros profissionais à área, a rigidez do mercado e o valor real das Escolas de Comunicação no país a partir de agora. Além disso, ele sugere algumas possíveis soluções para o impasse: a principal delas, para este blogueiro, seria a criação de um Conselho superior de classe, equivalente à OAB, para mediar e regulamentar, de alguma forma, o exercício da profissão.

Em tempo, aguardamos ainda o trâmite das PECs que restituem a obrigatoriedade, na Câmara e no Senado.
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Em uma dessas andanças pela Internet, achei o nadaver.com . É um blog de humor, como vários outros, mas uma tag me chamou atenção: o Problogger. Veja abaixo.
Clique aqui para acessar o nadaver.com e conferir mais tiras do Problogger.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Política e Imprensa - Investidas (desajustadas) da mídia "independente"

Bem, nessa semana foi lançada mais uma pérola. O filho do Presidente Sarney, Fernando, foi pego em um grampo negociando um cargo para o namorado de sua filha, com o polêmico ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia. A negociação, segundo a PF, ocorreu no início de abril de 2009, e o garoto foi nomeado funcionário do Senado por ato secreto. Até aí, a única anormalidade foi a conversa ter sido gravada, de fato.

Agora, transcrevo o
comentário de Luis Nassif sobre o tema:

"Duas jogadas manjadas desse jornalismo-espetáculo:
1. Transformar algo banal - eticamente condenável, mas inserido nas práticas e costumes gerais - em algo criminoso, meramente porque gravou-se uma conversa igualmente banal. Esses diálogos do Sarney com parentes é de um ridículo atroz. Configura práticas nas quais incorre toda a classe política (de Sarney a FHC).
2. Todo dia vir com uma manchete tipo “agora vai”, “agora não tem jeito”. [...]


A única diferença do Sarney, é que não foi gravada - e a mídia quer o pescoço do Sarney, não a moralização dos costumes. Mas tentar incriminar FHC por isso é algo tão ridículo quanto essa criminalização da boquinha - à qual recorre o mundo político em massa.
Em vez de atacar a boquinha e discutir formas de eliminá-la, usa-se o vício para objetivos escusos: derrubar o presidente do Senado e transformar a casa em fator de instabilidade política."


Vejo aqui alguns problemas.

Eu encaro o grampo e a conversa gravada, entre Fernando Sarney e Agaciel Maia, uma vitória. Independente das motivações, uma vitória da ética. Afinal de contas, o que sempre aconteceu no Senado é, agora, divulgado. Independentemente se isso é uma motivação política, um passo é dado no sentido de moralização. Os senadores observam, atentos, que o próximo da lista pode ser cada um deles. Repito, independente das motivações (quase) exclusivamente políticas.

Porém, Luis Nassif não vê assim, ao que parece. Ele leva em consideração apenas as motivações, os meios, não os fins. Ele não enxerga que as motivações equivocadas podem levar aos resultados corretos. E se enxerga, não é isso que ele expõe.

Nesse comentário, o que Nassif faz é reverter as acusações contra Sarney à falta de acusações contra a oposição. Ele usa, no mesmo post, um exemplo fictício de conversa entre FHC e Heráclito Fortes. Ou seja, reverte totalmente a situação para atacar FHC.

Ele está certo num ponto: se é para moralizar, para flagrar os desmandos, que sejam de todos - o que Nassif esqueceu é que a filha de FHC não foi contratada na surdina, num ato secreto, e inclusive pediu demissão do cargo após o constrangimento.

Charge do Recchia, retirada daqui.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sociedade - Finalmente, o Metrô Curitibano

Desvirtuando o clima de maracutaias políticas (ou nem tanto), desde o início deste mês já é possível observar em Curitiba a marca do Metrô Curitibano.

Velho sonho do cidadão que utiliza o transporte coletivo na cidade, tido como modelo em várias partes do mundo, o metrô começa a tomar forma - tendo em vista as visíveis movimentações de operários pela cidade.

Muito provavelmente fazendo parte do plano de estruturação visando a Copa do Mundo de 2014, o Metrô Curitibano se diferencia do metrô convencional devido à estrutura das "canaletas" de ônibus utilizadas na cidade. Já passava da hora de Curitiba aprimorar ainda mais o seu desenvolvido, porém imperfeito, sistema de transporte. O metrô, cujo projeto visa cortar a cidade de norte a sul, é um belo passo na busca desse aprimoramento.

Do portal Bem Paraná:

"Prefeitura define a marca do Metrô Curitibano
Também há equipes fazendo os estudos de interferência em vários pontos da nova linha

A marca do Metrô Curitibano já está nas ruas da cidade, nos uniformes e no equipamento de segurança de técnicos da Prefeitura e do consórcio Novo Modal, vencedor da licitação para execução do projeto básico da obra. Cinco equipes técnicas estão trabalhando no trecho CIC Sul – Santa Cândida, onde funcionará a primeira linha do Metrô, a Linha Azul. Também há equipes fazendo os estudos de interferência, que identificam as redes elétricas, de água e telefonia existentes no terreno."É o primeiro passo para uma obra de grande relevância para o presente e o futuro da cidade", afirma o prefeito Beto Richa
."

Leia mais sobre o metrô de Curitiba aqui.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Política - Ele, sempre ele.

Voltando das férias de julho, percebo que o mundo político não se alterou de maneira significativa. Sarney continua como Presidente do Senado Federal, a mídia ainda é o grande vilão para ele, Lula ainda o apoia visando as eleições presidenciais de 2010. Tudo igual. Mas vamos lá.

Do Estadão:

"Sarney diz que é alvo de campanha da imprensa
Presidente do Senado fez hoje balanço do primeiro semestre da Casa, marcando o encerramento dos trabalhos


ROSANA DE CASSIA - Agencia Estado

BRASÍLIA - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), fez nesta sexta-feira, 17, um balanço do primeiro semestre da Casa, marcando o encerramento dos trabalhos e início do recesso parlamentar. Ele disse que em nenhum momento titubeou em tomar as medidas cabíveis em resposta às denúncias de irregularidades que atingiram a instituição. Sobre as acusações que envolvem seu nome e o de sua família, Sarney afirmou que o jornal O Estado de S. Paulo iniciou uma campanha contra ele, seguida por outros órgãos da imprensa, e se defendeu das acusações de nepotismo, desvio de recursos e de envolvimento nos atos secretos
."

Ainda segundo a reportagem, Sarney afirmou no seu discurso que nas três vezes em que assumiu a Presidência do Senado, nenhuma foi de vontade espontânea, e que nas três vezes ele assumiu um compromisso no sentido de combater a desmoralização da Casa. Irônico, no mínimo. Hipócrita, na pior hipótese.

A questão é que há um conflito intenso entre o Senado (personificado exageradamente em Sarney e seus companheiros), a mídia e a opinião pública. E não vislumbro num futuro próximo uma abordagem mais tranquila para esse conflito.
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Charge do Miguel, retirada daqui. Clique para ampliar.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Jornalismo - Notícias sobre o Diploma + Férias!

"Deputado apresenta PEC restabelecendo exigência de diploma para jornalistas

Agência Brasil
Publicação: 08/07/2009 19:18

Proposta de emenda à Constituição (PEC), que exige diploma de curso superior, devidamente registrado nos órgãos competentes, para o exercício da profissão de jornalista, foi apresentada hoje (8/7) à Câmara pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS). A proposta teve o apoiamento de 191 deputados. Ela recebeu o número 386, de 2009, e agora será encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça para analise da sua admissibilidade e constitucionalidade.

A proposta visa incluir na Constituição Federal dispositivo que estabelece a necessidade de curso superior em jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. A PEC também estabelece que nenhuma lei poderá conter dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social.
"

Leia a notícia completa aqui.

O empecilho principal vai ser a CCJ aprovar a PEC. Naturalmente, os membros da Comissão são "peixes grandes" no Congresso, e vê-los encarar o STF seria algo... (sendo otimista) inusitado.

Confira os membros da CCJ da Câmara dos Deputados aqui.

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Este blogueiro tira férias e volta na segunda-feira, 20/07. Enquanto isso, ele desfruta o clima (espero que) agradável de Antonina durante o 19º Festival de Cultura da UFPR. Ótima oportunidade para ler os posts sobre Literatura, afinal, eles são sempre atuais.

Nos vemos em Antonina!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Política - (Des)Moralização toma forma no Senado

Do blog do Nassif:

"O trabalho na FGV

Já havia antecipado duas coisas aqui:
1. Detalhado o trabalho da FGV encomendado pelo Senado.
2. Adiantado que a implementação seria favorável com a atual diretoria ficando em seu cargo e tendo que prestar contas. Se caísse Sarney, a pressão da mídia acabaria na hora, porque o objetivo claro não era a limpeza, mas o jogo político.

Confirma-se o que foi escrito.

Do G1
Senado anuncia corte de 29 diretorias e redução de 40% nos gastos
Heráclito Fortes disse que medidas devem ser adotadas em 20 dias. Casa também estuda a redução de funcionários terceirizados.
"

Pois bem.

O Senado havia encomendado, alguns meses atrás, uma auditoria geral à FGV, como medida para enfrentar a crise e os contínuos escândalos. Ao que parece, o plano funcionou. A Fundação simplificou e tirou as estufas da Casa Legislativa no seu plano logístico.

Torcemos para que a demagogia seja superada pela honra, ou pela vergonha, e que os senadores tomem (pelo menos algum) conhecimento, afinal, do seu fim.

Senador Heráclito Fortes (DEM-PI), 1º secretário do Senado, um dos principais envolvidos na (des)moralização da Casa.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Literatura - FLIP 2009

Aconteceu, entre os dias 1 e 5 de julho a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty). A FLIP, desde a sua criação em 2003, ombreia-se aos grandes eventos internacionais de literatura.

Na edição de 2009, como de costume, um grande nome da literatura brasileira foi homenageado, e o escolhido da vez foi Manuel Bandeira.

Confira toda a cobertura da Festa no site oficial do evento, no especial do Estadão, na Gazeta do Povo e no blog do Daniel Piza.

Não estive lá nesta edição, mas pretendo, é claro, num ano próximo, comparecer ao evento, que este ano contou com presenças como a de Gay Talese (padrinho do new journalism americano), Robert Dawkins (autor do polêmico Deus, um delírio), Carlos Heitor Cony, Laurentino Gomes, Cristovão Tezza, Moacir Scliar e vários outros escritores.

O jornalista americano Gay Talese, padrinho do new journalism, muito badalado no decorrer da FLIP. Na última mesa, quase uma palestra de Talese, ele foi indagado sobre os novos projetos, que incluem um romance baseado nos seus 50 anos de casado.

Cristovão Tezza (foto) dividiu a mesa Eu profundo e os outros eus com o escritor mexicano Mario Bellatin (o qual sustentava uma prótese no formato de um pênis no lugar da mão), e leu um trecho de uma obra de sua autoria inédita, a ser lançada em 2010. Palavras de Tezza: "a realidade não fala. Ela é formada de fragmentos silenciosos".

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No clima de literatura, este blogueiro resolveu publicar seus modestos escritos (na tentativa de serem) artísticos em um blog específico: Dois Nomes (clique para acessar).

O link para o blog está também na seção "Blogs e Sites Parceiros" na coluna lateral dO Mundo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Política - Programas e Estigmas

Do Estadão:

"Governo vai reajustar Bolsa-Família ainda este ano, diz Dilma
Em entrevista no CCBB, ministra reclama que ações sociais do governo são sempre classificadas de eleitoreiras

Leonencio Nossa, Agência Estado, e Lu Aiko Otta, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, confirmou nesta sexta-feira, 3, que o governo concederá um reajuste ainda neste ano ao beneficio do Bolsa-Família, programa de transferência de renda que atende mais de 11 milhões de famílias.
[...]"

A ministra ainda fez reclamações quanto à questão de todos os programas do Governo serem denominados eleitoreiros e do fato de que todo ato que ela participa ser classificado como eleitoreiro. "Eu sou estigmatizada", disse a ministra.


E nos dois pontos ela está certa. Vamos lá:

1) Os programas assistencialistas do Governo são desvalorizados.

As ações afirmativas pregadas pelo Governo Federal são, na maioria de seus aspectos, positivas. A má distribuição de renda é o principal mal social do Brasil, e o Governo tenta, em um curto prazo, amenizar esse malefício que a história nos legou. O dinheiro recebido, principalmente do programa Bolsa Família faz a economia girar, faz o desfavorecido possuir algum poder de compra, e beneficia a sociedade como um todo - fato comprovado, visto que milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza neste Governo.

Claro que o programa deveria ser conjunto a algum incentivo, buscando os resultados definitivos a longo prazo. Estimular, por exemplo, as famílias a terem todos os filhos numa escola (que, aliás, também deveria sofrer uma reformulação, tendo em vista o desastre do sistema de ensino brasileiro). Incentivar todos os adultos a possuir um emprego fixo. Mas, de qualquer forma, o programa é muito mais social do que demagogo.

Óbvio que esta análise é superficial, mas é uma ideia geral e simplificada. Estou aberto ao debate.

2) A ministra Dilma Roussef é estigmatizada.

Para a oposição, qualquer evento que a ministra chefe do Governo participa é eleitoreiro. Inclusive, a oposição moveu duas ações contra o Governo Federal acerca dessa questão, como noticia a Folha.

Engraçado que isso não acontece com José Serra e Aécio Neves, nos inúmeros eventos que eles participam, ironicamente, no país todo.
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O brasileiro comum clama pela éticae e é pisoteado e humilhado por Edmar Castelo Moreira (ex-DEM-MG) e José Sarney (PMDB-AP, MA, Da4). Créditos.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Política - Sarna. Ops. Sarney.

Chega a ser irritante o fato de que, nos últimos tempos, todas as vezes que eu venho aqui para falar de política nacional um nome esteja incluso em todos os posts. O velho dinossauro da República do Brasil está sempre presente. Seu bigode atômico e sua insistência digna das mulas mais empacáveis do Maranhão me irritam. Inaceitável a teimosia do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP, ou seria MA, AC, PE, Da4?). Eu supunha, na semana passada, que se ele fosse homem, ainda restasse nele um pingo de dignidade humana, ele renunciaria ao cargo. A semana ainda não acabou, mas parece que o Sr Sarney não renunciará. Nunca.

Mas todos já conhecemos de cor a trajetória imunda deste senhor (trajetória, aliás, que cresce a cada dia). O que me impressionou hoje, na verdade, foram duas coisas:

1) Da Folha: "Sarney sai fortalecido da crise e PMDB e PT estão mais próximos, diz Renan"

Não sei o que é mais engraçado na frase. Se o Sarney saindo forte da crise (como de fato, parece estar), se PMDB e PT se aproximando ainda mais, ou tudo isso ser afirmado por ninguém menos que Renan Calheiros. Este drácula da política nacional, que já deveria ter tomado seu rumo junto ao Sarney, representa também o retrocesso do país. Senador que está lá única e exclusivamente para jogar o jogo político não merece ser senador. No máximo, cafetão.

2) Paulo Henrique Amorim e seu exército bolchevique afirmando que tudo isso é uma conspiração do PSDB (em conjunto com a CIA e o FBI #mentira) para assumir a presidência do Senado.

É óbvio que é. O que qualquer partido quer, quando num Congresso, é assumir a presidência do mesmo e tocar o terror. Infelizmente, eu repito, infelizmente, o PSDB é o maior partido de oposição no Brasil. Mesmo com este blogueiro discordando da imensa maioria dos preceitos adotados pelo partido ao longo de sua história, ele é a oposição. E seria ao menos óbvio que uma casa legislativa do país tenha um comando oposicionista. É, no mínimo, democrático.

Mas assumir publicamente que isso é uma conspiração para derrubar o inocente Sarney é, pelo menos, ridículo. Sarney representa a maior ferida da política brasileira. Representa o desrespeito que a população alimenta pelo sistema brasileiro. A culpa disso tudo é só dele? Claro que não! Mas ele é um dos pivôs mais representativos deste fato.


Ele deve ser afastado. Voluntariamente ou não.

Aguardamos.