sábado, 30 de maio de 2009

Cultural - Fernando Pessoa(s).

"Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena."


Sim, tudo vale a pena. Principalmente para os poetas, que brincam com as palavras.

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."

Essas palavras provem do, talvez, maior poeta de língua portuguesa que já passou pelo nosso mundo: Fernando Pessoa.


Fernando Pessoa na Baixa lisboeta.

Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa. Nunca foi casado com alguém que não a literatura, desde os primórdios da adolescência já escrevia poemas de qualidade. Mas contar a história dele é contar a história de várias outras pessoas. Detentor de uma imaginação além da comum, Pessoa criou e conviveu com heterônimos, portadores de personalidade própria. Para ele(s), apenas um ser humano não seria suficiente para a capacidade total de expressão. Esta, atingida quase que completamente pelo poeta português. Mas bem, ele pode falar melhor do que eu:

"Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser."

"Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração."


Para finalizar o Cultural desta semana, a síntese de Pessoa:

"Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!"



Para ler e ver mais de Pessoa, clique aqui e aqui.


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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Operação Satiagraha - parte III

A Satiagraha voltou, mais uma vez, às páginas dos jornais:

Da Folha Online: "Juiz manda abrir novo inquérito para investigar ligações de Protógenes"
Do Estadão: "Juiz manda abrir novo inquérito da Operação Satiagraha"

Protógenes volta às manchetes do país.

As duas notícias se resumem assim: o juiz da 7ª Vara Federal, Ali Mazloum, abriu uma ação penal contra Protógenes para investigar ligações telefônicas do mesmo para o juiz Fausto de Sanctis, para o procurar Rodrigo de Grandis e para o empresário Luiz Roberto Demarco, da Nexxy Capital. Além disso, segundo a reportagem do Estadão, houve contatos entre o delegado e a empresa PHA Comunicação, de Paulo Henrique Amorim.

Os argumentos são um tanto quanto inconsistentes. O contato entre o delegado Protógenes e os responsáveis pela operação no sistema judiciário é obvio. Claro. Evidentemente claro. Nisso, não há nenhuma quebra de "lisura" afirmada pelo juiz Ali Mazloum ao abrir o inquérito. As pessoas envolvidas na Operação deveriam se comunicar, naturalmente. Ponto.
O problema aqui é a comunicação entre Protógenes e Luiz Roberto Demarco.

Luiz Roberto Demarco é empresário, adversário (para não dizer inimigo) de Daniel Dantas. Ao contrário deste, Demarco não possui, pelo menos não aparenta possuir, pendências judiciais ou criminosas. Se apresentasse, certamente a imprensa pró Dantas já teria divulgado exaustivamente. Porém, eu e você sabemos, leitor, que o mundo dos negócios não é lá muito justo, tampouco suave com os seus participantes. Qualquer empresário poderoso poderia vazar informações (falsas, inclusive) para "queimar" seu concorrente. E isso, aqui, deve ser sim motivo de investigação. Além disso, há o contato com Paulo Henrique Amorim, influente jornalista na frente da Internet, defensor assumido de Protógenes e crítico ferrenho da grande imprensa. Eu o vejo como comunista quase ortodoxo, que faz seguidores marxistas ortodoxos (ou intransigentes, tanto faz).

A questão é: esse contato deve sim ser investigado. O problema é confundi-lo com a criminalidade de Dantas e seus "amigos", comprovada judicialmente (aliás, Dantas foi condenado a 10 anos de prisão). Aparentemente, a investida do juiz Ali Mazloum tem um viés pró Dantas. E isso, cada vez mais, e cada dia mais rapidamente, mancha por completo a credibilidade do Judiciário.

Leia mais no blog do Nassif.

Entenda a Satiagraha aqui e aqui.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O Prazer de Ler Saramago

Mayores
Maio 22, 2009 by José Saramago

Em português diríamos pessoas de idade. Num caso e no outro trata-se de eufemismos para fugir à aborrecida palavra “velhos”, que podendo e devendo ser tomada como uma afirmação vital (“Vivi e estou vivo”), é, com demasiada frequência, lançada à cara do idoso como uma espécie de desqualificação moral. E, contudo, pelo menos no meu país, usava-se (usa-se ainda?) uma resposta definitiva, fulminante, dessas que tapam a boca ao interlocutor: “Velhos são os trapos”, respondiam os velhos do meu tempo a quem se atrevesse a chamar-lhes velhos. E continuavam com o seu trabalho, sem dar mais atenção às vozes do mundo. Velhos seriam, claro, mas não inúteis, não incapazes de meter a sovela no lugar certo do sapato ou de guiar a relha do arado com que andasse lavrando. A vida tinha uma coisa má: era dura. E tinha uma coisa boa: era simples.

Hoje continua a ser dura, mas perdeu a simplicidade. Talvez tenha sido esta percepção, formulada assim ou doutra maneira, que fez nascer a ideia de criar uma universidade para pessoas de idade em Castilla-La Mancha, essa que precisamente se chama Universidad para Mayores e de que tenho a honra de ser patrono. Pessoas a quem a idade obrigou a deixar o seu trabalho, que fazer com elas? Outras em quem a idade fez nascer curiosidades que até então não se haviam experimentado, que fazer com elas? A resposta não tardou: criar uma universidade para as gerações de cabelos brancos e rugas na cara., um lugar onde pudessem estudar e descobrir mundos do conhecimento ocultos ou mal sabidos. Cada uma dessas pessoas, cada uma dessas mulheres, cada um desses homens, pode dizer quando abre um livro ou escreve a resposta a um questionário: “Não me rendi”. Nesse momento uma aura de juventude rediviva perpassa-lhes no rosto, em espírito é como se estivessem sentados ao lado dos netos, ou foram eles que se vieram sentar ao lado dos seus maiores. O conhecimento une cada um consigo mesmo e todos com todos.

Qualquer idade é boa para aprender. Muito do que sei aprendi-o já na idade madura e hoje, com 86 anos, continuo a aprender com o mesmo apetite. Não frequento a Universidade para Mayores Castilla-La Mancha (lá irei um dia), mas partilho a alegria (diria mesmo a felicidade) dos que lá estudam, esses a quem me dirijo com estas palavras simples: Queridos Colegas.

(O Caderno de Saramago é o blog do maior autor português vivo, e um dos maiores que já nos brindaram com a maravilha de uma das línguas mais belas do mundo).

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Política - Internacional

Duas manchetes do Estadão:


"ROMA - O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi afirmou em entrevista à rede CNN que nunca cometeu uma gafe e que não gosta de seu cargo nos últimos tempos. Conhecido pelos deslizes que comete em declarações, o premiê culpou a imprensa pela fama. "Nunca cometi qualquer gafe, nenhuma, cada uma delas foi inventada pelos jornais", afirmou."
Silvio Berlusconi (No Brasil, FHC).

Silvio Berlusconi, o dono da Itália, é o FHC daquelas bandas. Arrogante, hipócrita, pseudo amado por todos, direitista quase ortodoxo. Iguaizinhos. A diferença é, talvez, que a imprensa italiana não lamba os seus pés como a Globo (sim, a quase única imprensa brasileira) faz com FHC. Ele tem uma aprovação de mais de 60% dos italianos, mas a população italiana tem uma queda por direitistas assim. Assim como a classe média correta brasileira, que vê no PSDB a salvação dos problemas.

Só para lembrar, reveja algumas gafes recentes de Berlusconi:
"Berlusconi pediu para 'apalpar' voluntária após terremoto"
"Após gafe, Berlusconi é acusado de minimizar o estupro"

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"Obama pede ação mundial contra teste nuclear norte-coreano"

"WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta segunda-feira, 25, em breves declarações na Casa Branca, que a comunidade internacional deve agir em resposta ao teste nuclear realizado pela Coreia do Norte. Obama ainda qualificou o ocorrido como "irresponsável" e uma forte "violação do direito internacional". "

Intransigência? Ideário político? Anseio de afirmar-se na comunidade internacional? Não me vem na cabeça motivos concretos para a Coreia do Norte ser um país tão teimoso. Desde sempre.

Agora, Obama e os outros líderes (também o Conselho de Segurança da ONU) deixam a diplomacia de lado e realizam duras repreensões ao país, que sabia que à tais ações se dariam tais consequências. O problema aqui, é que uma guerra, por ora ideológica, porém com algum indício de tornar-se física, poderia acabar com o mundo, comigo, com você leitor, e com este blog. E isto é um problema muito sério.

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O brasileiro Hélio Castroneves, vencedor pela terceira vez das 500 milhas de Indianápolis, na Fórmula Indy, evento de automobilismo mais importante dos EUA. Depois de vencer a justiça americana no início do ano, Castroneves torna-se o brasileiro mais vezes vencedor da prova. Mais um exemplo de superação.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Cultural - A Metamorfose, Franz Kafka (resenha)

Você encontra outras resenhas literárias minhas lá no: http://www.bibliotecavertical.blogspot.com.

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“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”.


O início fabuloso de A Metamorfose, de Franz Kafka, é imortalizado na história por causar horror e fascínio nas pessoas, simultaneamente. O romance se tornou um clássico germânico do último século, porém permanece com uma filosofia viva e atual até os dias atuais. A falta de emoção de Kafka em vida real foi contrariada nos seus escritos, e em A Metamorfose, apesar das peculiaridades autobiográficas, Kafka retrata o homem moderno do início do século XX com um talento invejável.

A história de A Metamorfose se passa na Europa dos anos 1910, da Belle Époque, que de bela, para gente comum como Gregor Samsa, não tinha nada. Gregor era caixeiro-viajante, e a profissão, para ele, preenchia toda sua vida. Isto porque ele trabalhava não só por si próprio, mas pelo pai, inválido e detentor de uma dívida enorme a qual Gregor procura sanar, pela mãe, velha, asmática e incapaz, e pela ingênua irmã. Toda a família depende do trabalho de Gregor para sobreviver, por isso confiavam nele, apoiavam-no. Estranhamente, até mais do que isso: parasitavam-no, tornando-o escravo do trabalho. Até o dia que ele acordou transformado num inseto. A partir dessa metamorfose física, a vida da família sofre um abalo enorme. O pai deve voltar a trabalhar, a casa deve ser disponibilizada a fim de receber hóspedes, até mesmo a irmã tem obrigação de arranjar um emprego. Mas mais importante do que isso, as relações intrafamiliares sofrem alterações significativas. Para o pai, Gregor passa a ser um “peso morto”, imprestável. Para a mãe, objeto de repulsa. Para a irmã, amorosa mesmo depois da transformação, também passa a ser um empecilho. Agora, ele era o parasita. A metamorfose física de Gregor originou uma metamorfose de valores na família, inclusive para o próprio Gregor. Este que aceita sua posição de inseto, só lamenta pelo fato de não poder mais trabalhar e suportar sua família. Com o passar do tempo, Gregor cai numa solidão sem volta, influenciado pelo cada vez mais evidente desprezo das pessoas pela sua forma, e morre de maneira reflexiva, pensando no mundo que o consumiu e que desejou seu fim. Depois da morte solitária de Gregor, a família Samsa desponta para a vida, levantando do seu mormaço casual.

Gregor Samsa, depois de transformado, não se pergunta o porquê daquilo tudo. Talvez o próprio Gregor gostaria de uma fuga da sua vidinha, ou ainda isso aconteceu porque sua vida já havia sido desperdiçada. Isso é uma questão filosófica muito profunda, que não temos como objetivo esclarecer. Porém, é um belo objeto de reflexão.

Kafka evidencia no jovem caixeiro viajante as condições e as ideias que perpassavam o homem comum e trabalhador do início do século XX. A coisificação (Marx chamara isso de fetichização) do trabalho, a intransigência dos empregadores, e a rotina mais do que fixa dos empregados são exemplos. Gregor praticamente abdicara da sua vida particular para sustentar a família, que não via nisso nada desfavorável à pessoa de Gregor. E aqui está a espinha dorsal da filosofia kafkiana: o isolamento do homem se dá pelo conjunto da sociedade e da família, conjunto este que sufoca e afasta a pessoalidade das pessoas do seu âmbito. Isso fica muito claro quando analisamos a biografia do autor. Marcado pela influência de sua estirpe, Kafka descreve as relações que o atormentaram na vida real em uma história aparentemente fictícia, mas que, resguardados os seus aspectos surrealistas, poderia ser totalmente verdadeira. Como, de fato, foi para muitos Gregors Samsas, que não se viram transformados em insetos fisicamente, mas muitas vezes se sentiram esmagados como um pela sociedade voraz que os cercava.

A metamorfose de Gregor Samsa pode ser abordada sob várias vertentes. A mais curiosa é a de que o personagem não deve ser tratado como vítima, mas como vilão. A sua postura de carregar a família nas costas anterior à metamorfose ajudava-a financeiramente, mas inibia seu desenvolvimento, talvez devido à acomodação. Então, a saída de Gregor desse campo teria sido benéfica sob o ponto de vista familiar, atuando como um reequilíbrio nessas relações, já não ligadas ao personagem com laços de dependência.
Adaptação de Peter Kuper.
Kafka nos brinda com sua obra literária. Ao mesmo tempo particularista, por conter vários aspectos auto-biográficos, ela é universalista na medida que trata das angústias e de obstáculos encarados por homens comuns. A complexidade desta obra deixa espaço para muitas interpretações diferentes. Diferentes, não corretas ou incorretas. A filosofia kafkiana ainda guarda alguns de seus segredos. Por isso mesmo, ela se trata de um vasto campo de estudo.
Por fim, dezoito dos maiores escritores vivos do Brasil, a convite do caderno Mais! da Folha de São Paulo, reescreveram o início mitológico de A Metamorfose. Transcrevemos os escritos de dois autores que participaram do desafio:
Kafka em Curitiba – Cristovão Tezza“Quando K. Pietoski acordou aquela manhã gelada, depois de um sonho esquisito, percebeu – primeiro a ausência da mão, depois a dureza na alma -, percebeu que estava transformado em alguma coisa desagradável que lembrava um inseto. Não exatamente um choque, porque tudo se transformara com o corpo, até a memória – mas uma curta aflição, quase uma apenas pergunta: se conseguisse se erguer, alguém descobriria?”Memorial de sonhos intranqüilos – Moacyr Scliar
“Estava clareando o dia, e os sonhos mostravam-se cada vez mais intranqüilos. Daqui a pouco Gregor Samsa vai acordar, diziam, e quem sabe o que lhe acontecerá então? Não, ele não deve despertar, ele deve ficar entre nós, aqui está seguro, aqui nenhum perigo o ameaça – mas como faremos para retê-lo, para impedir que abra os olhos? É tênue a matéria de que somos feitos, lamentavam-se os sonhos, é fraco o nosso poder, sobretudo por causa de nossa intranqüilidade, esta intranqüilidade que assusta o pobre Gregor Samsa, que o expulsa para o limiar da vigília onde ele fica, indeciso entre as sombrias visões da noite e a enigmática realidade com que em breve se verá confrontado. Seria bom se pudessem convocar uma assembléia de sonhos, intranqüilos ou não; se pudessem discutir em profundidade as noites de Gregor Samsa e também seus dias; se pudessem estabelecer uma agenda de negociações, uma estratégia de ação, um programa de metas. Seria bom se constituíssem um cartel de sonhos, ou um consórcio de sonhos, ou uma holding de sonhos. Mas nem tinham tempo para isto, nem sabiam como fazê-lo. Havia uma outra possibilidade: e se contassem uma história a Gregor Samsa? Uma história bem narrada, ainda que impressionante? Uma história que o convencesse de que não há nenhuma diferença entre sonho e realidade? Uma história que o mantivesse adormecido até que a felicidade reinasse soberana sobre a terra, ou alternativamente, até o Dia do Juízo? Os intranqüilos sonhos não sabiam, contudo, como contar essa história. Havia quem pudesse fazê-lo, alguém que conheciam bem: Franz Kafka. Mas Franz Kafka estava dormindo. Quando acordasse seria tarde demais.”
(Decidi antecipar o cultural da semana, devido a provável falta de tempo no fim de semana. Divirtam-se.)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Política - Quinta-feira quente em Brasília

Quinta feira movimentadíssima no campo político de Brasília. Vamos aos fatos:

Da Folha: "Líderes partidários rejeitam votar proposta que prorroga mandato de Lula até 2012"

"Líderes partidários do governo e da oposição descartaram hoje colocar em votação proposta do deputado Sandro Mabel (PR-GO) que permite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficar no cargo até 2012. O líder do PT na Câmara, deputado Candido Vaccarezza (SP), disse que o partido do presidente é contra qualquer prorrogação de mandato que permita a Lula ficar mais tempo no poder. "O PT é radicalmente contra, isso não é constitucional', afirmou."

Óbvio. Ridiculamente óbvio. Parece que a onde autoritária que passa pela América Latina bate seus ventos pelas bandas de Brasília. O que eu me pergunto é o que o deputado Sandro Mabel, do Partido Republicano de Goiás vai ganhar com isso. Porque ninguém, em plena atividade democrática, como parlamentar, faz uma coisa dessas sem ganhar algo. Pena.

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Da Folha: "Base aliada desiste de projeto que previa lista fechada e financiamento público."

"O projeto de reforma política que previa instituir o voto em lista fechada e o financiamento público de campanha, de autoria do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e que tinha como supostos signatários o PT, o PMDB, o DEM, o PPS, o PC do B, além do apoio integral do PDT e de parte do PSB e do PSDB, deve ser abortado sem nem mesmo ir a votação no plenário da Câmara, informa o blog do Josias."

Mais uma tirada óbvia, ridiculamente óbvia. Essa reforma política era uma palhaçada sem tamanho, com medidas claramente com fins de esconder, ou ainda abafar, os escândalos que assustaram nossos queridos parlamentares. Sim, assustaram, porque eles nunca tinham visto tanta sujeira, que antes permanecia na surdina, nos principais noticiários do país. Ao menos, uma réstia de lucidez.

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Do Estadão: "Analistas: Colar no Bolsa-Família terá efeito 'zero' para PSDB"

"SÃO PAULO - O presidente Lula é o principal obstáculo do PSDB na estratégia de defender o Bolsa-Família como bandeira eleitoral em 2010. O partido quer reivindicar a criação do programa, mas a ideia tem efeito "zero" em termos de voto já que, para a população, o único pai do programa é o presidente petista. " Não adianta vir com essa história de que verdadeiro pai do Bolsa-Família são eles (PSDB), isso não tem efeito nenhum para a população, é zero. Elas atribuem credito ao Lula, ao governo que estava ali no momento em que a vida delas melhoraram. Pegar bandeira emprestada não funciona", analisa o cientista político da UnB Leonardo Barreto."

Essa notícia me refresca os olhos em alguns aspectos. O senso-comum de atacar Lula pelo seu programa de política afirmativa é quebrado, na medida que o PSDB (o partido todo bonzinho da direita conservadora e correta da classe média brasileira) o defende [o programa]. Não só defende, como jura de pés juntos que ele foi criado no governo FHC, o que é mentira, ou no mínimo, maquiagem da verdade. Claro que o Bolsa Família possui seus aspectos (significativos, sim) eleitoreiros, mas afirmá-lo como um programa essencialmente de compra de votos é, no mínimo, ingenuidade. Ou falta de pesquisa. Ou preguiça, comodismo, senso-comum.com, jeitinho de criticar cegamente, coisa que os brasileiros adoramos.



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Charge daqui.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Do Desinteresse Anunciado

(Devido à falta de tempo para as clipagens normais, vai uma pequena crônica, real.)

Era meio dia, e os ônibus da fria Curitiba ainda não estavam tão lotados como de costume. Entrei, procurei um lugar para sentar, a fim de ler Franz Kafka (embora não pensasse em ter sucesso: apesar da opressão das pessoas enlatadas dentro de um veículo de 20 metros ser kafkiana, a filosofia do checo é refinada demais para ser entendida àquelas condições). Pois bem, próximas ao lugar que encontrei para sentar-me havia duas meninas, ambas com os seus 14 anos. O fato de estudarem no saudoso Colégio da Polícia Militar, talvez a melhor escola pública do estado, me chamou atenção. Seja devido a bizarrice da farda azul, seja porque estudei lá um dia. Não lembro. Sentei-me, e mergulhei no universo sufocado de Gregor Samsa. Porém, em uma das paradas bruscas do ônibus, me sobressaltei, e vi nas mãos de uma das meninas o Revolução dos Bichos, George Orwell. Pensei: "Uau. Os professores do colégio estão se saindo bem, pelo visto." Ledo engano. Alguns minutos depois, após mais algumas tentativas frustradas de conviver com a família checa dos anos 1910, ouço a menina com o livro nas mãos comentar com sua colega algo relacionado à obra do jornalista. Ambas riem, e a colega-sem-nome desdenha: "Eu já cheguei nesta parte! Meu, esse livro é muito chato! Eu odiei! Aliás, esse é do porquinho, não é?!" Pensei, com o Kafka chorando em minhas mãos: "Sim, colega. Esse é o do porquinho, da granja transformada numa sociedade muito parecida com aquela proposta, detentor de uma análise invejável a muitos historiadores. Orwell também era jornalista, além de gênio. Ou gênio, além de jornalista. Mas não, você não precisa saber disso. Vá só viver a sua vida."

domingo, 17 de maio de 2009

Cultural do Fim de Semana - Cem Anos de Solidão, Gabriel Garcia Marquez

Aproveitando o final de semana moroso de sempre da política (a novidade mais relevante é a confirmação da CPI da Petrobras. Durante a semana, as clipagens acompanharão a comissão), vamos a mais um post literário, dessa vez, abordando o Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel Garcia Marquez e o seu Cem Anos de Solidão.

O romance se passa em Macondo, um vilarejo em algum país do Caribe. A história se concentra na genealogia da família Buendía e as gerações que viveram em Macondo. O título do romance é uma síntese perfeita da história como um todo: em cem anos de existência da vila, todos os personagens da família citada passaram, cada um à sua maneira, por momentos de solidão.

"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara (...). O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo."

José Arcadio Buendía, o primeiro da estirpe, fundou ao lado de sua esposa Úrsula e de alguns companheiros, a vila de Macondo.

Alguém muito parecido com Úrsula Iguarán.

“José Arcadio Buendía sonhou essa noite que naquele lugar se levantava uma cidade ruidosa, com casas de paredes de espelhos. Perguntou que cidade era aquela, e lhe responderam com um nome que nunca tinha ouvido, que não possuía significado algum, mas que teve no sonho uma ressonância sobrenatural: Macondo.”

A casa da família era reduto de hospitalidade e cordialidade, os viajantes sempre passavam por lá. Porém aos poucos as pessoas vão se consumindo, guardando e remexendo em seus rancores pessoais, até se afundarem em um mar de solidão. É assim com todos os integrantes da família, cada qual ao seu jeito. Num mundo fantástico, e ao mesmo tempo realista, Garcia Marquez cria um ambiente de guerras políticas, brigas de galo, invenções incríveis (como o gelo), alquimia, chuvas que duram anos, epidemia de insônia, relações amorosas (muitas delas incestuosas), erotismo, traição e muita solidão.

O principal diferencial da história de Macondo são os acontecimentos fantásticos que ocorrem na vila.

“Este foi talvez o único mistério que nunca se esclareceu em Macondo. Logo que José Arcadio fechou a porta do quarto, o estampido de um tiro retumbou na casa. Um fio de sangue passou por debaixo da porta, atravessou a sala, saiu para a rua, seguiu reto pelas calçadas irregulares, desceu degraus e subiu pequenos muros, passou de largo pela Rua dos Turcos, dobrou uma esquina à direita e outra à esquerda, virou em ângulo reto diante da casa dos Buendía, passou por debaixo da porta fechada, atravessou a sala de visitas colado às paredes para não manchar os tapetes, continuou pela outra sala, evitou em curva aberta a mesa da copa, avançou pela varanda das begônias e passou sem ser visto por debaixo da cadeira de Amaranta, que dava uma aula de Aritmética a Aureliano José, e se meteu pela despensa e apareceu na cozinha onde Ursula se dispunha a partir trinta e seis ovos para o pão.
— Ave Maria Puríssima! — gritou Ursula.”

O desenvolvimento da história se dá pelas tentativas de decifrar os pergaminhos de Melquíades, o cigano. Segundo ele mesmo afirma para todos aqueles que tentam estudá-los, os pergaminhos só se revelariam quando chegasse a hora (que ele dizia ser quando fossem centenários) apesar de todos os esforços de diferentes gerações de Buendías. O único que desvenda o mistério é o último Aureliano. Ele acabou tendo um romance com Amaranta Úrsula, sua tia, e o filho que eles tiveram foi o único da estirpe que confirmou o receio da matriarca Úrsula: nasceu com um rabo de porco. No final do romance, Aureliano passa a ler os pergaminhos de Melquíades que começam assim: “O primeiro da estirpe está amarrado a uma árvore e o último está sendo comido pelas formigas.”

Ao prosseguir a leitura, Aureliano compreende que os pergaminhos eram (isso, você só descobre lendo. Não quero te decepcionar e fazer um spoiler, estragando o melhor momento do romance que é o final)...

Charge de Garcia Marquez, também conhecido como Gabo.

Em um misto de realismo com fantasia, Gabo atinge o ápice de sua obra intelectual com Cem Anos de Solidão. O colombiano, jornalista por profissão, cria um enredo fantástico na medida que aborda os problemas triviais do ser humano e os equilibra, enfeita, com os toques fantásticos.

Cien Años de Soledad é uma obra sensacional. Para muitos, o pico da literatura latinoamericana.
Para mim, senão o pico por inteiro, com certeza uma parcela dele.

Gabriel Garcia Marquez, colombiano, o próprio.

Se interesse por Garcia Marquez. O mundo fantástico que ele deduziu nos seus livros pode se identificar em fatos mais próximos do que você espera.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Política - CPI da Petrobras? Mais uma?

Movimentados pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), alguns senadores se mobilizaram no sentido de criação de uma CPI da Petrobras. Para o parlamentar, a CPI é irreversível. A leitura do requerimento foi realizada hoje, e o prazo final para retirada de assinaturas em concordância com a CPI acaba hoje mesmo, à meia noite.


Álvaro Dias (PSDB-PR). Somos ingênuos de acreditar nas movimentações do PSDB?

Para Álvaro Dias, as denúncias contra a gestão da Petrobras são "gravíssimas", e que recuar agora seria "covardia". O senador esclarece, com base em investigações da PF, do MPF e do TCU, que as irregularidades giram em fraudes em licitações, superfaturamento de obras e desvio de verbas.

Por outro lado, o presidente Lula afirma que a criação da CPI é uma irresponsabilidade. Depois de afirmar isso, o presidente embarcou para a Arábia Saudita, a fim de divulgar a extração de petróleo do pré-sal, para muitos, uma grande conquista do Governo junto a Petrobras.

Nos próximos dias, provavelmente a CPI será instalada. Muitos parlamentares se envolverão, haverá investigações, talvez um ou dois sejam indiciados. Mas eu, infelizmente, não acredito numa ação bem sucedida. Ainda, não acredito nas boas intenções do PSDB. Aguardemos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Mundo: Imprensa do Brasil - Marionetes da Veja x Soldados do exército vermelho

Apesar da semana movimentada no cenário político e econômico (o caso do deputado "que se lixa" ainda é comentado, o Governo anunciou mudanças na caderneta de poupança, a gripe suína continua se alastrando mundo afora,...), o tempo aqui está curto e as postagens diárias estão ficando difíceis. Mas é só um pequeno período.

Enfim, uma pessoa que não quis se identificar (eu insisto, não vou crucificar, tampouco fazer bullying (?) em qualquer pessoa que vem aqui e discorda das minhas reflexões. Pelo contrário, eu apoio e incentivo o debate saudável, pois creio que ele é um passo fundamental na direção do esclarecimento) postou um comentário indagando se "eu não tinha nada melhor pra fazer" a ler "o chapa branca do" Nassif.

Acontece que o negócio é o seguinte: a imprensa no Brasil é complexa, maquiada, parcial. Porém, ela faz de tudo para parecer o contrário. E eu sempre afirmo aqui: não é possível se informar em nível "decente" lendo apenas de uma fonte. Isso é um erro, independente de qual fonte se refira. Pois bem. Eu procuro, e faço isso porque creio que seja uma maneira correta de interpretar os fatos, ler e acessar sites/blogs de diferentes posições. Todo jornalista (ou todo órgão de imprensa) tem um posicionamento, embora não explícito, evidente. Cabe ao leitor/espectador, enfim, o receptor das informações analisar, buscar e checar em outras fontes as mesmas informações. Todo texto jornalístico passa por uma orientação apreciativa do profissional que a redige, ou edita. Portanto, para um esclarecimento mais "esclarecido", digamos assim, é necessário "beber de mais de uma teta". Caso contrário, você vira um boneco manipulável nas mãos inescrupulosas de Diogo Mainardi, ou um soldade bolchevique nas mãos de Paulo Henrique Amorim.

Para descontrair um pouco do "papo sério", não deixe de assistir o vídeo que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), dá as suas recomendações em relação à gripe suína:

domingo, 10 de maio de 2009

O Mundo: Política - Sérgio "Estou Me Lixando" Moraes (PTB-RS)

Bem, todos sabem do episódio do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS). Aquele que falou que estava se lixando para a opinião pública, que disse que não deixaria a mídia pautar suas decisões, que disse que irá defender o deputado do castelo. O mesmo que é processado por envolvimento em prostituição, que já detém sete mandatos públicos no Legislativo brasileiro, que disse inflamado no plenário que a "mídia pode bater, a gente se reelege do mesmo jeito". Enfim, o senhor deputado é um completo fanfarrão.

Para ouvir o deputado Sérgio Moraes (foto acima) dizer que está "se lixando" para a opinião pública, clique aqui.

Pois bem, estou viajando pela Internet e me deparo no blog do Nassif com isso:

"Dos julgamentos sumários da mídia

É enorme a facilidade da mídia para impor julgamentos, condenações. O método é batido mas continua eficiente.

O primeiro passo é definir o que quer, se condenar o “bandido da vez” ou absolver o aliado. Aí, trata-se de demonizar o “bandido da vez”, como é o caso do tal deputado do castelo, ou demonizar o xerife, no caso do Protógenes.

Nem vamos entrar na análise das suas culpas, mas do método de manipulação jornalístico. O deputado deve ser julgado com isenção e, se comprovadas culpas ligadas ao mandato, ou crimes fiscais efetivos, que perca o mandato.

O que ocorreu, no entanto - e sempre ocorre em eventos estrambólicos, como um deputado quebrado dono de um castelo - é o julgamento sumário. Cria-se o carnaval e exige-se a punição. E aí entra o segundo deputado, o tal que deveria analisar o caso e, pressionado, informa que vai analisar de acordo com as provas, sem se submeter a pressões, e se disse “lixando” para a opinião pública ou do jornal. [...]

A mídia nem quis saber se ele estava certo ou não nas suas declarações - e estava. Tratou de liquidar a questão sem entrar no mérito dela, simplesmente fuzilando a reputação do tal deputado. Vasculharam sua vida, tiraram da gôndola de acusações disponíveis o necessário e mandaram bala. Se a posição dele fosse outra, sua biografia poderia ser três vezes pior e ele seria poupado [...]"

E continua por aí afora. Nassif é, provavelmente, o crítico de mídia mais sóbrio deste país. Elaborou um dossiê sobre Veja que é esplendoroso. Um trabalho jornalístico fantástico. Mas dessa vez, para mim, ele deixou a paixão se elevar, para então "defender" o deputado.

Aqui o meu comentário no blog dele:

Nassif,

Eu não quero acreditar numa “defesa” do deputado Sérgio Moraes da sua parte. Não quero acreditar que você está defendendo* o senhor deputado envolvido com prostituição assim como defendeu (de maneira justa) Protógenez. Não quero acreditar nisso, lendo aqui seu blog.

Talvez a coisa tenha desandado. Iludido. Porque a mídia é sempre o bicho-papão? Josias de Souza, Lúcia Hippolito, Merval Pereira, Eugenio Bucci são pessoas, que assim como você, são respeitados porque detém uma opinião. E é natural que as pessoas divirjam das opiniões deles (e das suas).

No caso do sr deputado Sérgio Moraes, não vejo nenhum indício de perseguição como no caso do Protógenez e cia. Até porque, o deputado aparentemente não tem NENHUMA relevância. Apesar dos sete mandatos, ninguém nunca ouviu falar nele. Talvez porque ele nunca quis ser ouvido.

Agora, defendê-lo* é um erro Nassif. Ele se sentiu pressionado pela repórter? Azar dele. É deputado, a repórter (independente se fosse do Globo, da Folha, da CartaCapital, da Caros Amigos, do seu blog) fez o seu trabalho (extremamente óbvio por sinal) de perguntar ao deputado Sérgio Moraes se ele não tinha medo de defender o Edmar.

E por causa disso, a mídia quer pautar suas decisões?!

Ele é deputado, e DEVE sofrer pressões. Deve ser pressionado. Deve ser questionado. Não há absolutamente nada de errado nisso. Não é fantasma da grande mídia.

Respeitosamente.

Nassif rebateu assim:

"Leia direito. O que critico é o jogo de pressões da mídia. Lá sei quem é o deputado e - como escrevo com toda a clareza que consigo na nota - me interessa analisar a atitude, não a pessoa."

(post originalmente publicado em 10/05/2009, às 19h35)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O Mundo: Política - Não, ele não voltará!

Postei aqui ontem que Delúbio Soares estava voltando, querendo ressurgir das cinzas como uma fênix. E felizmente, hoje mesmo, o Estadão me desmentiu:

"Delúbio retira pedido para voltar ao PT, mas se diz inocente
Retorno de ex-tesoureiro, expulso do partido no rastro do escândalo do mensalão, dividiu cúpula petista"

A reportagem afirma que, em discurso no diretório nacional do PT, Delúbio retirou o pedido para se recredenciar no partido. Ele diz não querer ser motivo de discórdia no partido. O pedido dividiu a cúpula do PT. Para alguns mais lúcidos, e dentre eles o próprio presidente Lula, a volta de Delúbio poderia prejudicar a caminhada de Dilma Roussef ao Planalto. Seria um atestado de que o PT é conivente com a corrupção, com a falcatrua, com o desrespeito ao cidadão.

O bizarro dessa história é Delúbio perguntar, no seu discurso, "do que me acusam?". O ex-tesoureiro do PT responde, agora, a 9 processos no STF. Um diferente do outro. Ainda, desde a época que o mensaleiro pediu anistia política ao seu partido, ele já apresentava encenações melodramáticas comoventes, como chorar no telefone aos líderes nacionais do PT. O discurso do sr Delúbio parece uma catarse, uma epopeia, uma ode ao nada. Lamentável um homem se rebaixar ao atos criminosos de falsidade política (para mim, corrupção e todo o resto não passam de falsidade) e depois tentar, de maneira pitoresca, reaver sua honra e seu orgulho, aspectos fundamentais da vida das pessoas de bem.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O Mundo: Política - Cuidado, ele está voltando

Seguindo reflexões anteriores, Delúbio Soares quer emergir das cinzas. Como uma fênix. Como um zumbi, nem morto, nem vivo, apenas existindo. Incrível.


E o pior de tudo, é que hoje o STF inocentou a fênix corrupta do PT de um dos DEZ processos que ele responde.

Segue a reportagem:

"STF inocenta Delúbio, Valério e Genoino de gestão fraudulenta
No entanto, os três réus do mensalão continuarão a ser processados por crime de falsidade ideológica
Mariângela Galluci, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira, 7, inocentar do crime de gestão fraudulenta Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT, o publicitário Marcos Valério e o deputado José Genoino (ex-presidente do PT) em empréstimo concedido pelo BMG ao Partido dos Trabalhadores.

A maioria dos ministros entendeu que os três não poderiam ser acusados do crime de gestão brasileira porque não eram gestores do banco.

Os três vão continuar, porém, sendo processados por crime de falsidade ideológica."

Menos um, e Delúbio deve pensar: "ah, só faltam nove, só nove, e eu finalmente estarei pronto para retornar aos meus amigos e voltar a roubar dinheiro, organizar os esquemas com o BMG, voltar a jantar com meu companheiro Valério e ah... essa sim é a vida que minha mãe quis pra mim!"

Não se enganem, caros amigos. A coisa está feia. Demais.

O Mundo: Justiça - "Por uma luz no Judiciário"

Está no Vi o Mundo:

"Esta noite, algo se quebrou em Brasília"


O título se refere à manifestação popular que juntou aproximadamente 2 mil pessoas em frente ao STF para protestar os impropérios do sr Gilmar Mendes. Depois de desprezar uma organização feita pela Internet, Gilmar viu e ouviu as pessoas levarem 10 mil velas à frente do STF (misteriosamente cercado por uma proteção) e gritarem palavras de ordem face ao descuido do presidente do Supremo.

Interessante constatar que as pessoas, ainda sob uma organização frágil, foram à Praça dos Três Poderes para mostrar que ainda existe opinião pública no país, e que ela DEVE sim ser respeitada.

Acesse aqui o blog do impeachment de Gilmar Mendes.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O Mundo: Jornalismo - A frente da Internet

Vi no blog do Nassif:

A grande frente da Internet
Paulo Henrique, Mino e Nassif venceram - com a ajuda dos internautas

por Luiz Carlos Azenha

“Uma batalha completamente desigual. De um lado, o poder da TV Globo, da Folha, da Veja, do Estadão - da maior parte da mídia corporativa brasileira, em defesa de seu sócio e patrocinador, o banqueiro Daniel Dantas. De outro lado, um verdadeiro exército de Brancaleone: Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, Mino Carta e alguns milhares de internautas.

Lá em Bauru se diz que empate fora de casa é vitória. Pois não é que essa coalizão improvisada conseguiu equilibrar a disputa pela opinião pública?

Conheço os três jornalistas acima citados. Estou certo de que divergem em 70% de suas opiniões. Mas com jornalista é assim mesmo: é difícil encontrar dois que concordem. Em torno deles uma verdadeira “frente” eletrônica se formou para desmascarar as informações distorcidas ou mentirosas oferecidas ao público pela turma do banqueiro. Falta esclarecer, ainda, quais são exatamente as relações econômicas entre Dantas e os grupos midiáticos. Uma tarefa essencial para que os leitores, ouvintes e telespectadores entendam como funciona a “cozinha” do noticiário. [...]"

Para ler o texto completo, clique aqui.

Ele está certo. A Internet foi fundamental nas relações população-mídia-realidade que se deram no caso dos escândalos do Dantas. E os três jornalistas citados, ao lado do próprio Azenha foram fundamentais no processo de esclarecimento do que realmente acontecia, quem estava por trás daquilo tudo. E tudo isso, muito mais que a grande imprensa, de maneira livre, lúcida, sem ocultações ou fragmentações.

O Mundo se espelha no exemplo desses jornalistas, e embora não concorde com todos os seus posicionamentos (muitas vezes até discorde diametralmente dos posicionamentos: o Conversa Afiada é recheado de marxistas ortodoxos, por exemplo), acredita no jornalismo sério, desprovido de rabos presos, e que venha a atingir o seu objetivo fundamental: informar. Por isso eu recomendo a você, leitor, acessar diariamente, se possível, os blogs citados.

Luis Nassif - Sobre economia, política e notícias do Brasil e do Mundo
Conversa Afiada (Paulo Henrique Amorim)
Vi o Mundo (Luiz Carlos Azenha)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Mundo: Justiça - Operação Satiagraha - parte II

Você, amigo leitor, não reparou no súbito silêncio da nossa grande imprensa em relação a Operação Satiagraha? Há semanas e semanas os jornais tinham, todos os dias, dados, fatos, notícias, boatos, críticas, até invenções sobre a Operação da PF. Desde o sucesso do encerramento da operação, no dia 30/04, é muito difícil encontrar os links para as notícias da operação nos grandes sites de notícias. Parece aos amigos de Dantas que o desfecho não é tão importante assim, uma vez que as tentativas de desqualificação da operação não foram, digamos, bem sucedidas.

De qualquer forma, a operação indiciou 13 pessoas, entre elas Daniel Dantas (aquele banqueiro safado que mantém esquemas de corrupção com a direita e a esquerda brasileiras), sua irmã Veronica Dantas e Roberto Amaral. Este, por sua vez, trabalhou durante 30 anos na empreiteira Andrade Gutierrez e era amigo próximo de Fernando Collor, à época da presidência do mesmo, e PC Farias. Mostre-me com quem tu andas, e eu te direi quem és.

O mais estranho aqui, amigo leitor, é a falta de importância que a grande imprensa no país deu ao desfecho da Operação Satiagraha. Entretanto, os culpados foram indiciados, e agora o processo segue para a Justiça. Resta-nos aguardar e, mesmo com maior dificuldade, acompanhar os processos, torcendo para que a justiça venha tardia, não falha.

Para ler mais sobre o desfecho da Satiagraha, clique aqui, aqui e aqui.

Não Gilmar, não por muito tempo.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Mundo: Justiça - Revogada a Lei de Imprensa

Em julgamento no STF na data de ontem, 30/04, foi revogada da Constituição Brasileira a Lei de Imprensa. A revogação da lei agradou as principais associações de jornalistas do país, por considerarem esta um empecilho na caminhada da democracia do Brasil.

Entretanto, ainda há outros pontos a serem resolvidos na Constituição. Por exemplo, o direito de resposta foi revogado em conjunto com a Lei de Imprensa. Para alguns ministros do STF, ainda, a revogação total da Lei foi irresponsável, uma vez que a constituição específica para o setor é vaga. Para Gilmar Mendes, há necessidade de se criar uma nova regulamentação para o setor, de maneira modernizada.

Resta agora saber quando o Congresso Federal deixará de lado os escândalos para quem sabe, tramitar uma lei de regulamentação da imprensa. Pelos meus cálculos, isso ainda demora.

Para saber mais, acesse o que foi publicado sobre a Lei de Imprensa nos principais jornais aqui, aqui, e aqui.