domingo, 17 de maio de 2009

Cultural do Fim de Semana - Cem Anos de Solidão, Gabriel Garcia Marquez

Aproveitando o final de semana moroso de sempre da política (a novidade mais relevante é a confirmação da CPI da Petrobras. Durante a semana, as clipagens acompanharão a comissão), vamos a mais um post literário, dessa vez, abordando o Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel Garcia Marquez e o seu Cem Anos de Solidão.

O romance se passa em Macondo, um vilarejo em algum país do Caribe. A história se concentra na genealogia da família Buendía e as gerações que viveram em Macondo. O título do romance é uma síntese perfeita da história como um todo: em cem anos de existência da vila, todos os personagens da família citada passaram, cada um à sua maneira, por momentos de solidão.

"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara (...). O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo."

José Arcadio Buendía, o primeiro da estirpe, fundou ao lado de sua esposa Úrsula e de alguns companheiros, a vila de Macondo.

Alguém muito parecido com Úrsula Iguarán.

“José Arcadio Buendía sonhou essa noite que naquele lugar se levantava uma cidade ruidosa, com casas de paredes de espelhos. Perguntou que cidade era aquela, e lhe responderam com um nome que nunca tinha ouvido, que não possuía significado algum, mas que teve no sonho uma ressonância sobrenatural: Macondo.”

A casa da família era reduto de hospitalidade e cordialidade, os viajantes sempre passavam por lá. Porém aos poucos as pessoas vão se consumindo, guardando e remexendo em seus rancores pessoais, até se afundarem em um mar de solidão. É assim com todos os integrantes da família, cada qual ao seu jeito. Num mundo fantástico, e ao mesmo tempo realista, Garcia Marquez cria um ambiente de guerras políticas, brigas de galo, invenções incríveis (como o gelo), alquimia, chuvas que duram anos, epidemia de insônia, relações amorosas (muitas delas incestuosas), erotismo, traição e muita solidão.

O principal diferencial da história de Macondo são os acontecimentos fantásticos que ocorrem na vila.

“Este foi talvez o único mistério que nunca se esclareceu em Macondo. Logo que José Arcadio fechou a porta do quarto, o estampido de um tiro retumbou na casa. Um fio de sangue passou por debaixo da porta, atravessou a sala, saiu para a rua, seguiu reto pelas calçadas irregulares, desceu degraus e subiu pequenos muros, passou de largo pela Rua dos Turcos, dobrou uma esquina à direita e outra à esquerda, virou em ângulo reto diante da casa dos Buendía, passou por debaixo da porta fechada, atravessou a sala de visitas colado às paredes para não manchar os tapetes, continuou pela outra sala, evitou em curva aberta a mesa da copa, avançou pela varanda das begônias e passou sem ser visto por debaixo da cadeira de Amaranta, que dava uma aula de Aritmética a Aureliano José, e se meteu pela despensa e apareceu na cozinha onde Ursula se dispunha a partir trinta e seis ovos para o pão.
— Ave Maria Puríssima! — gritou Ursula.”

O desenvolvimento da história se dá pelas tentativas de decifrar os pergaminhos de Melquíades, o cigano. Segundo ele mesmo afirma para todos aqueles que tentam estudá-los, os pergaminhos só se revelariam quando chegasse a hora (que ele dizia ser quando fossem centenários) apesar de todos os esforços de diferentes gerações de Buendías. O único que desvenda o mistério é o último Aureliano. Ele acabou tendo um romance com Amaranta Úrsula, sua tia, e o filho que eles tiveram foi o único da estirpe que confirmou o receio da matriarca Úrsula: nasceu com um rabo de porco. No final do romance, Aureliano passa a ler os pergaminhos de Melquíades que começam assim: “O primeiro da estirpe está amarrado a uma árvore e o último está sendo comido pelas formigas.”

Ao prosseguir a leitura, Aureliano compreende que os pergaminhos eram (isso, você só descobre lendo. Não quero te decepcionar e fazer um spoiler, estragando o melhor momento do romance que é o final)...

Charge de Garcia Marquez, também conhecido como Gabo.

Em um misto de realismo com fantasia, Gabo atinge o ápice de sua obra intelectual com Cem Anos de Solidão. O colombiano, jornalista por profissão, cria um enredo fantástico na medida que aborda os problemas triviais do ser humano e os equilibra, enfeita, com os toques fantásticos.

Cien Años de Soledad é uma obra sensacional. Para muitos, o pico da literatura latinoamericana.
Para mim, senão o pico por inteiro, com certeza uma parcela dele.

Gabriel Garcia Marquez, colombiano, o próprio.

Se interesse por Garcia Marquez. O mundo fantástico que ele deduziu nos seus livros pode se identificar em fatos mais próximos do que você espera.

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