sexta-feira, 24 de julho de 2009

Política e Imprensa - Investidas (desajustadas) da mídia "independente"

Bem, nessa semana foi lançada mais uma pérola. O filho do Presidente Sarney, Fernando, foi pego em um grampo negociando um cargo para o namorado de sua filha, com o polêmico ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia. A negociação, segundo a PF, ocorreu no início de abril de 2009, e o garoto foi nomeado funcionário do Senado por ato secreto. Até aí, a única anormalidade foi a conversa ter sido gravada, de fato.

Agora, transcrevo o
comentário de Luis Nassif sobre o tema:

"Duas jogadas manjadas desse jornalismo-espetáculo:
1. Transformar algo banal - eticamente condenável, mas inserido nas práticas e costumes gerais - em algo criminoso, meramente porque gravou-se uma conversa igualmente banal. Esses diálogos do Sarney com parentes é de um ridículo atroz. Configura práticas nas quais incorre toda a classe política (de Sarney a FHC).
2. Todo dia vir com uma manchete tipo “agora vai”, “agora não tem jeito”. [...]


A única diferença do Sarney, é que não foi gravada - e a mídia quer o pescoço do Sarney, não a moralização dos costumes. Mas tentar incriminar FHC por isso é algo tão ridículo quanto essa criminalização da boquinha - à qual recorre o mundo político em massa.
Em vez de atacar a boquinha e discutir formas de eliminá-la, usa-se o vício para objetivos escusos: derrubar o presidente do Senado e transformar a casa em fator de instabilidade política."


Vejo aqui alguns problemas.

Eu encaro o grampo e a conversa gravada, entre Fernando Sarney e Agaciel Maia, uma vitória. Independente das motivações, uma vitória da ética. Afinal de contas, o que sempre aconteceu no Senado é, agora, divulgado. Independentemente se isso é uma motivação política, um passo é dado no sentido de moralização. Os senadores observam, atentos, que o próximo da lista pode ser cada um deles. Repito, independente das motivações (quase) exclusivamente políticas.

Porém, Luis Nassif não vê assim, ao que parece. Ele leva em consideração apenas as motivações, os meios, não os fins. Ele não enxerga que as motivações equivocadas podem levar aos resultados corretos. E se enxerga, não é isso que ele expõe.

Nesse comentário, o que Nassif faz é reverter as acusações contra Sarney à falta de acusações contra a oposição. Ele usa, no mesmo post, um exemplo fictício de conversa entre FHC e Heráclito Fortes. Ou seja, reverte totalmente a situação para atacar FHC.

Ele está certo num ponto: se é para moralizar, para flagrar os desmandos, que sejam de todos - o que Nassif esqueceu é que a filha de FHC não foi contratada na surdina, num ato secreto, e inclusive pediu demissão do cargo após o constrangimento.

Charge do Recchia, retirada daqui.

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