quinta-feira, 4 de junho de 2009

Jornalismo - A Folha Multiposicionada?

Está no Observatório da Imprensa:
LEITURAS DA FOLHA
O colunismo monocórdio
Por Maurício Caleiro em 4/6/2009

Ao menos desde a reforma promovida por Cláudio Abramo nos anos 1970, a Folha de S.Paulo passou a apresentar como uma de suas características distintivas a pluralidade opinativa. Embora a linha editorial se evidenciasse nas pautas, matérias e reportagens – e mesmo na escolha dos colunistas "da casa" –, havia espaço para uma plêiade de opiniões que cobriam virtualmente todo o espectro político-ideológico. A principal dificuldade metodológica para empreender uma pesquisa do conteúdo discursivo do jornal advinha justamente dessa tendência à pluralidade – que uns reconheciam como autêntica e efetiva, enquanto outros acusavam tratar-se de mero recurso dissimulatório para o conservadorismo do jornal e álibi para torná-lo palatável a um público mais amplo.

Essa configuração plural faz parte do passado. Ora não apenas o conteúdo opinativo produzido por convidados na seção "Tendências/Debates" (pág. A3) e por não-jornalistas na página A2 tornou-se muito mais homogêneo, com amplo predomínio de representantes dos setores conservadores (em que pese a presença da ex-ministra Marina Silva), mas o próprio corpo de jornalistas responsáveis pelas colunas de opinião tem apresentado maior coesão e identificação ideológica entre si, com as honrosas exceções de Carlos Heitor Cony e, sobretudo, Janio de Freitas. Tal característica tem evidenciado a guinada conservadora do jornal sob o comando do diretor de Redação Otavio Frias Filho, que, além de mondá-lo de acordo com sua orientação político-ideológica, vem tornando o jornal muito mais repetitivo e tendencioso.
[...]
A bola da vez é, nas palavras de Barros e Silva, a "máquina de propaganda do lulismo", tema de reportagem de Fernando Rodrigues publicada pelo jornal no dia anterior (31/5), que revelou que o governo Lula adotou "uma política radical e sistemática" de pulverização da verba publicitária entre diversos veículos e mídias em substituição à tradicional concentração nos grandes grupos de mídia. Vamos aos números:

"Em 2003, a Presidência anunciava em 499 veículos; em 2009, foram 2.597 os contemplados – um aumento de 961%. Discriminada por tipo de mídia, essa explosão capilarizada da propaganda oficial irrigou primeiro as rádios (270 em 2003, 2.597 em 2008), depois os jornais (de 179 para 1.273) e a seguir o que é catalogado como `outras mídias´, entre elas a internet, com 1.046 beneficiadas em 2008".

Repare o leitor que não há um pio quanto ao volume de capital destinada à publicidade governamental; o aumento é horizontal, ou seja, a verba foi distribuída a um número maior de órgãos.
Clique aqui para ler o texto completo.

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