Durante a sabatina realizada pela Folha nesta quarta-feira, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, afirmou que é preciso reintroduzir a arte e a cultura na produção escolar. "Isso tem que começar na escola. A TV aberta precisa deixar de ser a única atividade acessível no campo da cultura a boa parte da população", afirmou o ministro."
Corretíssimo, o senhor ministro.
Dentre a guerra ideológica travada entre as televisões abertas do país, a arte e a cultura são continuamente desprezadas em favor do setor comercial. Não é novidade que as televisões são (ou compõe) corporações meramente lucrativas - mas não custa lembrar que as concessões, ou seja, a permissão para que as TVs transmitam sua programação é pública, concedida pelo Governo Federal.
Aqui, portanto, um ponto interessante. Sendo o direito de transmissão de radiodifusão concedido pelo Governo Federal, a regulamentação dessas emissoras não deveria, teoricamente, ser eficiente? Claro que sim. Mas o manjado jogo política entra em cena, aqui também.
Como é possível verificar no Observatório da Imprensa, o problema é antigo, e atinge seu auge no governo Sarney. Salvo engano, o então Presidente distribuiu 91 concessões de radiodifusão a parlamentares. A simples concessão desse benefício multiplica a influência de qualquer político - tanto no campo de trabalho, como sobre aqueles que o assistem.
Desde então, a concessão entra no jogo político como um favor - atendendo somente aos interesses políticos e comerciais de cada concessionário. Isso, em detrimento da difusão da cultura e do entretenimento de qualidade.
Ao que parece, esses elementos são insuficientes para os objetivos comerciais das grandes empresas - e ineficientes na busca de distração e fuga do cidadão que assiste à TV.
É notável também, dentro da guerra travada entre Globo e Record, o desrespeito a tal fato. Como falado no post Televisão - A mesma de sempre, a disputa é histórica e envolve interesses comerciais, religiosos, ideológicos. A questão é que, diferente dos meios impressos, a TV depende do Governo para existir - fato que deveria mediar as relações hostis que as duas emissoras estabelecem no seu "jornalismo", virtualmente praticado segundo o que lhes convêm.
Para ler mais sobre concessões, clique aqui.
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Sensacional a charge do Bessinha. Nela, Álvaro Dias (PSDB-PR) aparece como vendido à Lina, a tal secretária da fazenda, que embalada pelo ritmo da Folha de S. Paulo, acusou Dilma Roussef de qualquer coisa sem ter prova alguma. Muito fácil, e muito comum parece, fazer isso hein? (Créditos. Clique para ampliar).
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