Volto essa semana para, mais uma vez, apresentar minha visão rápida sobre os principais acontecimentos da política nacional da semana. Já com os ânimos do carnaval acalmados, o cenário político parece que, definitivamente, voltou ao seu furor convencional. Inicio o posto de hoje com uma charge, mais do que oportuna:
Incrível os lances "geniais" dos dinossauros da política brasileira. No início desse ano, José Sarney (aquele, que foi Presidente da República no lugar de Tancredo, afundou o país na Inflação, que desde a época da Ditadura se mantém no poder de formas nem sempre muito claras) foi eleito Presidente do Senado. Nessa quarta-feira, dia 04 de março de 2009, Fernando Collor de Mello (PTB-AL) venceu a eleição para a Comissão de Infraestrutura do Senado (comissão que tem poderes para analisar a maioria dos projetos governistas para o PAC, e essa é sua principal relevância). A eleição do senador do PTB quebrou uma tradição da Casa que dizia que o partido com a terceira maior bancada assumia a Comissão, naturalmente. O partido da vez, então, seria o PT, do Presidente Lula. Porém, um acordo firmado entre Renan Calheiros (PMDB-AL) e o PTB de Collor garantiu a vitória para o ex-presidente. O mesmo acordo que, no início do mês passado, elegeu José Sarney (PMDB-AP) para a Presidência da Casa. Tudo isso, de maneira geral, gerou um desconforto entre PT e PMDB, mas não entre Lula e PMDB, que ainda mantém relações saudáveis visando as eleições de 2010. Porque o PMDB, o partido sem bandeira, não precisa do PT para eleger um presidente. Precisa de Lula.
Pois bem, voltando ao Senado. Assim como a "surpreendente" eleição de Sarney para a presidência da Casa, colocando-o novamente num posto de destaque do Governo, a posse da Comissão nas mãos de Collor me assusta. Assusta no sentido de representar uma tremenda falta de comprometimento, ou interesse, com a renovação política tão necessária no país. Collor, para muitos, foi um bom presidente. Tomou medidas drásticas, é verdade, mas iniciou o processo de fundamentação econômica do Brasil, sem dúvida. Implantou no país despedaçado pela inflação o neoliberalismo, visando fortalecer a fragilíssima economia brasileira de então. Se vermos a longo prazo, ele teve um relativo sucesso. Por outro lado, foi no seu governo que os escândalos (que hoje parecem normais por aí) de corrupção começaram a aparecer. Tudo aquilo foi comprovado, ele foi cassado justamente, e nessa semana, volta a aparecer em um cargo de relevância no Governo. O ciclo de Collor deveria ter acabado na política, assim como o de Sarney, Zé Dirceu, e dos outros coronéis do Nordeste. Mas, infelizmente, não acabou.
O arcebispo excomungou a mãe e a equipe médica que realizaram aborto em uma menina de nove anos, grávida de gêmeos (isso significa que nenhum deles pode realizar os sacramentos da Igreja, como por exemplo, o casamento). O padrasto, que confessou ter abusado dela e da irmã de catorze anos, foi preso (mas repare: ele não foi excomungado pelo arcebispo). Agora, eu gostaria muito de perguntar ao senhor arcebispo que tipo de coisa se passa na cabeça dele para ele realizar tal ato. Uma pessoa com tal título tem obrigação de ser, antes de qualquer coisa, digna de possuí-lo. E tudo o que o arcebispo demonstrou foi insensatez. Falta de empatia para se colocar no lugar da mãe de uma menina de nove anos, de um município pobre do interior de Pernambuco, que viu sua filha grávida, correndo risco de morte, prestes a ter sua vida arruinada por um animal que abusou dela. Os tempos mudaram muito, mas parece que a Igreja Católica parou na Idade Média. Incrível.
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Poema do beco, de Manuel Bandeira.
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.
Quanto ao post sobre o arcebispo de Recife concordo plenamente. Que mundo este senhor vive? Vir a público dizer que o crime que este monstro cometeu é um crime dos homens e que a equipe médica cometeu um crime aos olhos da justiça divina? Como pode alguém que, segundo a crença católica é representante de DEUS na terra tomar uma atitude impensada como está? E quanto a esta criança de 9 anos, ela pode virar mãe aos 9 anos e ter toda a sua vida transformada? Que danos já foram causados a ela? Quanto tempo levará para esta criança voltar a ter uma vida normal? A igreja católica deveria abrir os olhos para o mundo em que vivemos e não continuar na idade média.
ResponderExcluir"Quanto ao post sobre o arcebispo de Recife..."[2] devo expor que concordo e, ainda, exponho o seguinte ponto de vista: e o perdão de Deus foi parar aonde? Também sou cristão, e fico indignado quando algum representante do cristianismo vai a público gerar polêmica. Quem sou eu para dar aulas teológicas ao polêmico Bispo, mas, pelo pouco que conheço da Palavra, me pergunto: Bispo, e o perdão de Deus, aquele que está na oração "Pai Nosso" (Mateus 6:9-13), onde foi parar? Como uma crítica construtiva a Igreja Católica: Apesar de toda a "tradição", porque não pensar mais em DEUS, do que em religião. Como disse o amigo Mauricio, não vivemos mais na Idade Média.
ResponderExcluirQuanto a política: mais polêmica. Devo admitir que estava mal preparado para o que a nossa querida política (ainda) ia nos apresentar. Eu não sei se eu devo botar a culpa naqueles que estão lá, "nos reprensentando"; ou em nós, que votamos e deixamos esses "dinossauros" (corruptos, hipócritas, gananciosos,...) fazerem o que bem entender, QUANDO bem entender, e, COM QUEM bem entender. Compreendo que é impossível alcançar a perfeição, principalmente tratando de política, que envolve humanos representando humanos desinteressados; mas, reforço a minha proposta: com todo um pacote que venha a afetar as diversas áreas da administração de um país, o que nos falta mais, e que é preciso melhorar com urgência, é: EDUCAÇÃO.
Primeiramente venho parabenizar pelo post que gostei particularmente!
ResponderExcluirE depois minha opinião:
O que leva um arcebispo a julgar de forma tão prepotente médicos que tentaram amenizar a dor de uma família (se é que se pode ainda chamar de família)? Ou pior! Julgar e condenar uma menina de apenas 9 anos e que ainda teve o mundo desabado? Creio que o poder as vezes cega e pode afastar as pessoas dos verdadeiros princípios de Deus, inclusive, no caso, membros de Igrejas. A Igreja Católica ou qualquer outro centro religioso deveria/deve servir de apoio para a superação dessa tragédia pessoal.
Sobre a política:
Concordo que o caminho para a reforma política é a educação, porém não só uma educação nos termos tradicionais, mas uma conscientização que torne as pessoas mais críticas e éticas.