Continuando então, o post duplo de hoje, quero viajar para Itabira, Minas Gerais. Cidadezinha pequena, que “é apenas uma fotografia na parede.” Lá nasceu um dos maiores gênios brasileiros de todos os tempos. Tímido, de estatura baixa, com os trejeitos herdados de um colégio interno que estudou, ele compôs as mais belas poesias, com uma sensibilidade incrível, uma sagacidade sem igual, uma inteligência marcante.
“E o hábito de sofrer, que tanto me diverte / é doce herança itabirana.”
No Brasil, não há quem não o conheça. Quem nunca tenha ouvido um verso seu. Nas raras vezes que se apresentou frente a uma camêra, ele se revelou simpático, prestativo. Explicou que “a poesia me ensinou a viver, porque por meio dela adquirimos um sentido mais generoso do mundo.” Durante sua vida, lutou pela profissionalização do escritor. Pela liberdade de imprensa. Afirmou que sua poesia foi um “processo de depuração interna”, mas tenho certeza que esse processo interno ensinou muito, para muitas pessoas. Suas palavras já estão marcadas, e serão reconhecidas até o fim dos tempos, como das mais belas composições literárias da história do mundo.
Quem nunca percebeu que “Tinha um pedra no meio do caminho”? Quem nunca se perguntou “E agora, José? / A festa acabou / A luz apagou / O povo sumiu”?
Falo de Carlos Drummond de Andrade.
As letras de Drummond, incrustadas na vida artística brasileira, nos ensinam, nos fazem refletir, indicam caminhos para um crescimento humano de maneira única.
Minha indicação: procure, pesquise, se interesse pela poesia de Drummond. Além de representar uma bela parcela da cultura brasileira, ela lhe fará bem.
Drummond, eternizado na praia de Copacabana, Rio de Janeiro.
Recomendo:
Drummond, Arquivo N, Globo News, 1 de 3
Drummond, Arquivo N, Globo News, 2 de 3
Drummond, Arquivo N, Globo News, 3 de 3
Memória Viva de Carlos Drummond de Andrade
Para terminar, um trecho dos mais belos, de Drummond:
[...]
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
[...]
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
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Saudações.
ResponderExcluirPartilho o seu ponto de vista. É essencial que a literatura faça parte da vida de cada uma das pessoas. Por meio da literatura podemos perceber, assim como em outras artes, as opiniões, pensamentos, angústias, sonhos; enfim, o que se passa na mente de cada cidadão. Para conhecer um país como o Brasil - diversificado, grande por natureza,- é uma tarefa que não consta apenas em pesquisas de Institutos de Estatistica ou outros órgãos, mas sim de uma boa leitura,e conhecimento, de nossa literatura.
Enfatizo a necessidade do incentivo à leitura desde os primórdios da educação de cada pessoa. Tratando do caso específico do Brasil, nos deparamos com um país que busca um posto de desenvolvido, e não mais de emergente. É preciso cuidar de vária áreas para que tal objetivo seja alcançado, mas creio que uma das, senão a, principal, está sendo deixada de lado. Cultura, leitura, artes... seja lá qual for a denominação, é necessária para que a população acompanhe o desenvolvimento do país, e não haja a tal famigerada e constante DESIGUALDADE.
Por fim, partilho, ainda, a minha tristeza com o pouco caso que é direcionado a nossa tão rica e variada literatura por parte da população. Como exemplo de tal fato, cito os sucessivos roubos dos inúmeros óculos de Carlos Drummond de andrade, sendo que estes VÂNDALOS não respeitam o descanso eterno, e merecido, deste gênio. E também não posso deixar de citar a falta de cultura de diversos políticos (em altos cargos - entenda-se presidência) que desconhecem a grande maioria de autores e obras brasileiras, e acima de tudo, não se esforça para incentivar (e aprender a falar corretamente) a leitura.
Ótimo assunto a se tratar, e a propor soluções e planos para a educação.