Foi apresentada na última sexta feira (18/09) uma proposta de revisão das matrizes curriculares do curso superior de Jornalismo. Elaborada por uma comissão especializada, liderada por José Marques de Melo, a proposta prevê algumas mudanças fundamentais no curso: aumento da carga horária, instituição do estágio obrigatório e separação do Jornalismo da Comunicação Social.
José Marques de Melo, presidente da comissão de especialistas que elaborou a resolução.
Separarei essa questão em alguns posts, para versar sobre as questões que eu achei mais interessantes - e também complexas. A primeira, de hoje, diz respeito a esse parágrafo da resolução:
"[...] o conteúdo profissional do curso passou a ser caracterizado como "meramente técnico" e destituído do interesse teórico. Por outro lado, a teoria da comunicação evoluiu desvinculada do exercício da profissão, focada numa crítica geral da mídia, sem compromisso com o diálogo para uma intervenção prática na mesma. Em decorrência, os estudantes de Jornalismo desde então têm sido forçados a uma opção dramática e pouco razoável entre negar a sua profissão, em nome do "espírito crítico", ou desprezar a teoria estudada nos cursos para se voltarem à prática, reproduzida de maneira acrítica e envergonhada. A ênfase na análise crítica da mídia, quando feita sem compromisso com o aperfeiçoamento da prática profissional, abala a confiança dos estudantes em sua vocação, destrói seus ideais e os substitui pelo cinismo [COHEN, Jeremy et al. Symposium: Journalism and Mass Communication Education at the Crossroads. Journalism and Mass Communication Educator 56/3, Autumn 2001]".
Bem. Tratando da questão da separação do Jornalismo da Comunicação Social, a resolução discorre sobre o dilema do estudante de Jornalismo - a aceitação do espírito crítico e marxista, negando a profissão como ela é, ou se voltar completamente à prática (eliminando a praxiologia buscada) e ignorar a evolução dos estudos de Jornalismo, sua deontologia, ética, história, até mesmo a paixão que sempre envolveu a profissão.
Este blogueiro aceita esses argumentos como verdadeiros - a relação (quase) estritamente mercadológica das relações públicas e da publicidade se entrelaça com os valores peculiares e delicados da profissão jornalística, e isso é extremamente prejudicial. Claro que esse desprendimento do mercado não ocorre no Jornalismo praticado no Brasil - mas ao menos durante o curso, numa Faculdade, é isto que deve ser buscado.
Continua.
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