quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Internacional - A situação da mídia na Argentina

Do Estadão:

"Deputados argentinos votam lei de controle da mídia nesta 4ª
Proposta de Cristina implica em restrições aos grupos de mídia e aumenta interferência do governo na imprensa

Ariel Palacios - O Estado de S. Paulo

BUENOS AIRES - Deputados votarão nesta quarta-feira, 16, a polêmica lei de radiodifusão, que implicará em grandes restrições aos atuais grupos de mídia na Argentina, além de aumentar a interferência do governo na liberdade de imprensa".

Do Conversa Afiada:

"Kirchner x Clarín: Argentina resolveu enfrentar o PiG(*) [...] Para Dênis de Moraes, que é autor do livro “A Batalha da Mídia – Governos Progressistas e Políticas de Comunicação na América Latina”, essa legislação coloca em confronto o grupo Clarín, mais poderoso conglomerado de mídia da Argentina, e o governo federal. “O objetivo do Clárin é desestabilizar os Kirchner e fazer com que volte ao poder um grupo de centro-direita”, diz".

Questão muito interessante, e recheada de discussões.

A primeira delas, para mim, é a forma parcial, inescrupulosa e desprovida de qualquer ética jornalística que o Estado de São Paulo tratou a informação. Taxando o governo argentino de ditatorial, interventor demais, e que tenta "ampliar seu poder e tentar emplacar uma nova candidatura Kirchner em 2011". Um grupo de mídia não pode - ou melhor, não DEVE - se omitir totalmente dos padrões jornalísticos da ética. Entretanto, isso parece possuir cada vez menos sentido no país, em convergência ao atendimento dos interesses mercadológicos das grandes empresas.

Segundo, o projeto ousado do governo argentino. Sim, antes de qualquer coisa, ousado. Entre as medidas, o panorama geral da imprensa argentina seria transformado: as licenças seriam equilibradamente distribuídas entre empresas privadas, públicas, e não governamentais sem fins lucrativos; há estabelecimento de limites geográficos para cada empresa; além de outras regulamentações no setor de radiodifusão.


Arte: AE. Fonte.

É complicadíssimo afirmar o que realmente motiva o governo do país vizinho: os interesses comerciais supostamente existentes entre a Casa Rosada e o setor de telefonia, que sai forte do projeto, ou o real interesse em desarmar um monopólio de comunicação muito parecido com o brasileiro - três ou quatro famílias controlando todas as maiores emissoras de informação, em todos os veículos.

Uma medida parecida no Brasil não parece sequer próxima: o governo Lula, que possivelmente teria apoio para medidas desta espécie nem chegou a tocar no assunto (salvo a ConfeCom que se dará no ano próximo - mas não podemos nem supor seus resultados).

Esperamos o desenlace.

Leia mais no próprio Estadão, e no Observatório da Imprensa.

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