O Jornal Comunicação está, aos poucos, tomando parte da minha vida. Ele é, de fato, a minha primeira atribuição jornalística - o jornalismo com preocupação social, com responsabilidade, com o texto característico. Acima de tudo isso, o contato com as fontes, tarefa mais que básica do jornalista, começa a se desenvolver.
A editoria que escolhi por preferência pessoal e por ter maior conhecimento na área, política, tem esse contato com fontes como um ponto crucial na separação entre o jornalismo bem sucedido e a simples repetição de discursos baratos.
Ricardo Kotscho, Franklin Martins, Gilberto Dimenstein e inúmeros outros grandes nomes do jornalismo se envolveram com o político, em alguma altura da carreira. Eu, que decidi começar por este campo, começo a aprender que as dificuldades que se impõe nesse caminho não são poucas. Mas até agora, a principal delas é o acesso às fontes.
Deputados, assessorias públicas, senadores, cientistas políticos (estes os mais receptivos) são exemplos de profissionais com que estou começando a ter contato. Primeira impressão: confirmação do senso comum de que políticos não trabalham. Ou trabalham muito pouco.
Mas continuo querendo acreditar que isso não passa de senso comum barato. Por ora, continuo meu modesto trabalho num jornal laboratório, com a certeza que de o aprendizado que estou adquirindo, aos poucos, formará um jornalista certo de sua responsabilidade social.
Esse é um assunto que está em todas as pautas de discussão quando o tema é jornalismo, atualmente: os jornais impressos vão acabar?
A resposta é: não.
Historicamente, é possível verificar uma adaptação dos meios às novas tecnologias. O teatro não viu seu fim frente à chegada do cinema, nem o rádio com o advento da TV. E isso também não vai acontecer com os impressos em relação à Internet.
O que é estritamente necessário é a adaptação, daí forçada ou não, desses meios. Jornais impressos devem repensar seus projetos editoriais e gráficos para sobreviver. O sonho dos 500 mil exemplares diários pode ter desaparecido, mas é importante notar que os jornais já assimilaram essa necessidade e estão sim passando por uma fase de transformação.
Um exemplo próximo e muito recente é o Estadão. Na última semana, todo o projeto gráfico do jornal mudou drasticamente. Inclusive o site.
A questão é a seguinte: faz sentido uma transformação gráfica tão drástica quanto essa se o projeto editorial do jornal não mudar um centímetro? Penso que não. A necessidade de transformação dos jornais é completa: mudar um dos lados me parece uma adaptação um tanto quanto manca.
Charge do Tiago Recchia, para a Gazeta do Povo, sobre os atos secretos da câmara do Paraná. Assunto para muitos outros posts. (Clique para ampliar. Créditos)
Pois bem, depois de um tempo de afastamento involuntário do blog, voltei. Desta vez para falar do Jornal Comunicação.
O Jornal Comunicação faz parte do projeto pedagógico do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná - um jornal laboratório é exigência do MEC para cursos desta natureza. No Comunicação, a estrutura é formada basicamente pelos alunos - os professores, ao menos a partir deste ano, são figuras de supervisão no organograma do jornal, ministrando as disciplinas de jornal laboratório. Hierarquicamente, os alunos dos períodos mais antigos compõe cargos de chefia e edição, e estudantes do 2º ano estruturam a equipe de reportagem.
O Comunicação possui quatro veículos: impresso, online, tv e rádio. O jornal é dividido em oito editorias: Sociedade, Política, Esportes, Cultura, Comportamento, Ciência e Tecnologia, UFPR e Opinião. Ele ainda conta com a seção Tubo de Ensaio, que propõe a produção do jornalismo literário aos alunos (à la piauí).
Pois bem. Esse ano, ou melhor, esta semana, eu me tornei parte do projeto. Por opção própria, sou repórter da editoria de Política (pretendo rodar por várias, mas inicialmente optei pela que mais me atrai). Consequentemente, isso vai diminuir a produção própria do blog - inclusive, já pensei mais de uma vez em mudá-lo para o host do wordpress e dar uma repaginada. De qualquer forma, toda produção destinada ao Comunicação estará aqui também.
Ano passado, quando do julgamento fatídico do STF acerca da exigência do diploma de jornalismo, escrevi uma crônica que foi publicada no jornal. Clique aqui para lê-la.
Ontem, o diretório estadual do PSDB declarou Beto Richa, prefeito de Curitiba, pré-candidato ao Governo do Estado do Paraná nas eleições de 2010. E aí foi onde o PSDB se matou, tanto em nível local, quanto nacional.
Em nível local: Beto Richa tem um eleitorado forte na capital, mas não acredito muito nessa sua força no interior do estado. Herdeiro direto da carga política do seu pai, ex-governador José Richa, Beto parece que leva essa carga como uma garantia - o que eu duvido aqui, é que essa garantia atinja os eleitores do interior, decisivos na eleição. Ainda, tudo leva a crer uma polarização nessa eleição entre o próprio Beto e o senador Osmar Dias (PDT). Osmar, membro da bancada ruralista, leva com ele muitos votos no produtivo interior paranaense, na ala de centro-direita da capital, e, por conta da muito provável aliança com o PT, consequentemente com Dilma e Lula, também leva votos do setor de centro-esquerda da capital e também do interior.
Vários setores são atingidos pela aliança entre Osmar e o PT - e justamente por isso o seu palanque no estado se torna fortíssimo. A visão geral, nesse momento, aponta para uma vitória do senador, e com isso, boa parte dos votos para Dilma no estado.
Beto Richa e Osmar Dias, um dia aliados, hoje adversários. (Créditos)
Em nível nacional, a partir do Paraná: o senador Álvaro Dias, embora pareça estar "choramingando" ao atacar Beto e o partido por todos os cantos, mantém uma argumentação clara. O senador afirma que uma candidatura sua visaria o fortalecimento do PSDB dentro do Estado, alavancando a candidatura de José Serra à Presidência - e também realça que a indicação de Beto foi egoísta. Até porque o prefeito, na campanha de 2008, afirmava que cumpriria seu mandato até o final. Em outra instância, a prefeitura cai nas mãos do PSB de Ciro Gomes, possível candidato à Presidência - menos um palanque para Serra.
Álvaro Dias, embora politicamente esteja certo, dá um golpe no partido, estadualmente.
O padrão "reacionário" do estado parece, aos poucos, sofrer golpes profundos - a briga interna no PSDB é o mais claro deles.
07 de fevereiro de 2010 será lembrado para sempre na história do esporte americano como o dia em que o New Orleans Saints consagrou sua reestruturação. O time de Nova Orleans foi campeão do Super Bowl XLIV em cima do favorito Indianapolis Colts, vencendo por um placar de 31 a 17.
A história do time da Louisiana é sensacional. Vou resumi-la: no dia 25 de agosto de 2005, a cidade de Nova Orleans começava a ser evacuada devido a chegada do furacão Katrina na região. Nos dias seguintes, mais de 80% da cidade ficou em baixo d'água, e 1 milhão de pessoas foram atingidas, de alguma forma, pelo furacão na região. O Super Dome, o magnífico estádio do Saints, além de sofrer as consequências do furacão, transformou-se numa casa para milhares de desabrigados. Impedido de poder jogar e treinar no seu estádio, naquele ano, o time do Saints foi obrigado a mandar seus jogos em San Antonio, Texas, Nova York, e outras cidades. Saldo da temporada: 3 vitórias e 13 derrotas, um time fraco, uma cidade devastada. Os presidentes do Saints, à época, negociavam uma mudança do time, cogitavam sair de New Orleans. Mas então, por uma sucessão de acontecimentos, eles decidiram ficar. E entrar para a história.
Imagens da cidade de New Orleans e do Louisiana Superdome, em setembro de 2005. O estádio virou abrigo para pelo menos 18mil pessoas que perderam tudo com o Katrina. (Créditos: Google Images).
No ano seguinte, o time contratou o Quarterback Drew Brees (dispensado e desacreditado do San Diego Chargers) e o Head Coach Sean Payton, além de draftar os importantes Roman Harper, Reggie Bush e Marques Colston, todos fundamentais nas temporadas do Saints desde então. O Superdome foi reconstruído, e o time voltou a sua casa em 25 de setembro de 2006. Nesse ano, o time obteve uma temporada de 10 vitórias e se classificou para os playoffs, pela segunda vez na sua história de mais de 40 anos. Com o poderoso ataque aéreo de Brees e cia, o Saints chegou à decisão da NFC (Conferência Nacional do Football, um jogo antes do Superbowl). Veio a derrota para o Chicago Bears, mas a reação do time de Nova Orleans era realmente incrível.
Performance das bandas Green Day e U2 no Superdome, no pré-jogo entre New Orleans Saints e Atlanta Falcons (o primeiro depois da tragédia).
O majestoso Lousiana Superdome, depois de reformado após o Katrina. (Google Images)
Três anos depois, o Saints volta aos playoffs da NFL, e escreve a história do esporte sensacional que é o futebol americano. Ganhando de três quarterbacks que estão entre os melhores da história da liga (Kurt Warner, Brett Favre e Peyton Manning), o Saints venceu e levou o Superbowl XLIV para New Orleans - a cidade ainda precisa de ajuda, é verdade - mas é evidente que o New Orleans Saints é a pedra fundamental da recuperação daquela cidade.
Sean Payton e Drew Brees levam o Vince Lombardi, muito merecidamente. (Reuters)
"CNT/Sensus mostra empate técnico entre Serra e Dilma Diferença entre tucano e petista caiu de 10,1% para 5,4% em cenário com a candidatura Ciro Gomes
Rodrigo Alvares, do estadao.com.br
SÃO PAULO - A centésima pesquisa do Instituto Sensus, divulgada nesta segunda-feira, 1º, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostra que a diferença entre o governador de São Paulo e pré-candidato tucano, José Serra, e a ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata petista, Dilma Rousseff, caiu praticamente pela metade, de 10,1% em novembro para 5,4% em janeiro".
Particularmente, não tenho confiança plena em pesquisas eleitorais. De uma forma ou de outra, elas parecem condicionar votos de eleitores indecisos de maneira errônea - elas apontam para uma polarização entre dois candidatos, o que faz eleitores acreditarem na expressão "desperdiçar o voto". Isso é extremamente presente na classe média - o costume de se pensar "nulo" no cenário político. Porém, isso é assunto para outro post.
De qualquer forma, seguindo a linha do Paulo Henrique Amorim, as pesquisas apontam tendências. E a tendência apontada nesta é a seguinte: Serra está estagnado. Parece que os anos de governo em São Paulo não mudaram sua imagem de conservador atrasado. A pesquisa mostra também que Serra não sai da casa dos 30% - desde 2002 quando perdeu a eleição para Lula.
"'Sem Ciro na disputa, Serra vence no 1º turno', diz líder do DEM Para o deputado Rodrigo Maia, presidente do partido, a candidata do governo atingiu seu 'teto' eleitoral
Bruno Siffredi, do estadao.com.br
SÃO PAULO - O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira, 1, que a pesquisa do Instituto Sensus, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostra que o governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB à presidência, continua favorito e pode vencer as eleições no 1º turno caso Ciro Gomes não entre na disputa".
O senhor Rodrigo Maia, membro do partido de Mussolini no Brasil, está errado. O palanque de Ciro será ao lado de Lula, onde quer que ele esteja - isso signifca que a maioria dos eleitores de Ciro votariam na Dilma num segundo turno contra Serra, independente dessas pesquisas vis. Podem anotar.
Chega de férias! Voltando ao mundo real, o primeiro mês de 2010 está quase acabando. 2010!
Pois bem, 2010 ano movimentadíssimo na política nacional: as campanhas presidencias começam a se tornar bem mais evidentes, e todas as movimentações que envolvem esse fato crescem consideravelmente. Além disso, as eleições para as outras instâncias também têm peso fundamental no futuro do país. O blog, é claro, acompanhará as eleições de perto.
Pessoalmente, 2010 ainda não está claro para mim: um dos resquícios da Ditadura (1964-1985) anda me assombrando. Mas, se tudo der certo, falaremos disso em outra oportunidade.
Apesar de tudo isso, uma notícia hoje despertou o mundo literário: Jerome David Salinger (ou J. D. Salinger), autor do consagrado Apanhador no Campo de Centeio (The Catcher In The Rye, 1951), faleceu em sua casa em New Hampshire aos 91 anos.
Segundo informações das agências internacionais, Salinger vivia isolado e tinha aversão a jornalistas - além disso, teve sua última obra publicada em 1965 (Hapworth 16, 1924). Esse aspecto de solidão lembra muito do escritor curitibano Dalton Trevisan.
J. D. Salinger. (Reprodução do Estadão.com.br)
Falando do Apanhador, tive a oportunidade de acompanhar o final de semana conturbado de Holden Caufield, adolescente de 16~17 anos. Inicialmente, penso que o sentimento de raiva em relação a ele é inevitável. Porém, com o desenrolar da narrativa, o leitor se aproxima de Holden - e começa a entendê-lo. Creio na força que a cena entre ele e sua irmã caçula Phoebe, no quarto dela, representa perante o cenário literário mundial. É, ao menos, peculiar.
Holden, apesar da sua evidente chatice, tira umas sacadas sensacionais durante a história - e este entrelaço de frases muito inteligentes e a amargura infinita do personagem fazem do livro uma obra fantástica.
“Estou sempre dizendo: “Muito prazer em conhecê-lo” para alguém que não tenho nenhum prazer em conhecer. Mas a gente tem que fazer essas coisas pra seguir vivendo.” (pg.78)
“De qualquer maneira até que achei bom eles terem inventado a bomba atõmica. se houver outra guerra, vou sentar bem em cima da droga da bomba. Vou me apresentar como voluntário para fazer isso, juro por Deus que vou.” (pg. 121)
Alguns exemplos, apenas. A melhor mesmo é a conversa entre ele e sua irmã caçula, mas não vou colocar aqui.
O Apanhador no Campo de Centeio é leitura obrigatória para os apreciadores da literatura universal - e presto aqui, portanto, minha homenagem ao finado J. D. Salinger.
Vários músicos e cineastas fazem alusão a Holden Caufield em suas obras. A banda americana Green Day tem uma música sobre o personagem (lançada no Kerplunk, 1992), "Who Wrote Holden Caufield".
Estudante do 3º período de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Residente em Curitiba/PR, até o momento com 18 primaveras frias na capital.