domingo, 15 de fevereiro de 2009

O Mundo: Política - Apanhado Geral

Após uma semana com o blog parado, volto para realizar um apanhado geral sobre as “novidades” excitantes (?) que movimentaram a política do Brasil nos últimos tempos. Pois bem, a começar com a eleição, segundo “The Economist”, semifeudal de José Sarney para a Presidência do Senado. Decida você leitor, o que é mais bizarro nessa história:

a) Lula da Silva apoiar o candidato do PMDB (sigla que na sequência terá um parágrafo especial), outrora partidário da Ditadura e rival político do presidente e seu partido, ou;
b) Os senadores, cientes de si, votarem num candidato que representa o retrocesso do país, especialmente do Nordeste, e que passa do tempo de se aposentar e livrar o país das suas infâmias, ou;
c) O próprio Sarney classificar a reportagem da revista “The Economist” como “leviana e imprecisa”, e que ainda movimenta seus advogados para decidir se tomará ações contra a revista.


Incrível a facilidade de dissimulação dos dinossauros representantes da âncora política e social do país. José Sarney, desde os tempos de Ditadura, bajula os altos cargos políticos do país, independente de ideologia e partidarismos, a fim de se manter entre os jurássicos. Hoje, com sua eleição para a presidência do Senado, é percebível o inacreditável atraso da política brasileira. O semifeudalismo da “The Economist” existe, e estão aí Sarney e a família ACM que não me deixam mentir.

Dando continuidade ao meu “apanhado”, quero registrar aqui a entrevista reveladora e positiva do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) a Otávio Cabral, segundo o blog do Josias. Ela fala por si mesma, a seguir seguem alguns trechos:

- Sarney e a presidência do Senado: É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. [...] Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão.
- A situação do PMDB: O PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos. [...] A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.
- A popularidade do presidente: O marketing e o assistencialismo de Lula conseguem mexer com o país inteiro.
- O Bolsa Família: É o maior programa oficial de compra de votos do mundo. Há um benefício imediato e uma consequência futura nefasta, pois o programa não tem compromisso com a educação, com a qualificação, com a formação de quadros para o trabalho. [...]
- Os políticos: A classe política hoje é totalmente medíocre. E não é só em Brasília.

[...]

A entrevista é potencialmente o pensamento de muitos cidadãos que vivem por aqui, e então, deixo uma pergunta pra você me responder: Por que ela não foi divulgada de maneira satisfatória pelos meios de comunicação, especialmente a televisão?
Para Daniel Piza, o Partido Moderador Do Brasil é um retrato do país.

Por fim, quero comentar a situação da jovem brasileira Paula Oliveira na Suíça. A Folha oferece uma cobertura ampla sobre o caso, portanto, vou apenas comentá-lo. Independente das acusações de perturbação psicológica da brasileira, um erro grave foi cometido por governo e pela imprensa brasileira. O que faltou: empatia. Empatia para se colocar no lugar dos suíços, ou europeus no geral, que tanto sofreram/sofrem com a xenofobia. Sem levar em conta os aspectos históricos e sociológicos que esse item possui por lá, até mesmo nosso amado presidente Lula da Silva e seu ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) dispararam acusações contra a nação suíça de um modo geral. Resultado das ações inconsequentes do presidente: mais uma nação européia reúne um certo rancor ao Brasil (vide caso Cesare Battisti). O contra-ataque do governo e da imprensa suíça foi aterrador, até. E é evidente que as investigações devem ser concluídas para se tirar qualquer conclusão.

Ainda, quero agradecer a todos o apoio dado ao blog, em breve prometo me utilizar de alguns artifícios para aprimorá-lo e atrair mais visitantes. Ah, não se esqueça de deixar seu comentário: promova a discussão, o debate. Com toda certeza isso contribuirá muito para o blog e para o nosso conhecimento.

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Canção do Exílio, de Murilo Mendes

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!

Um comentário:

  1. Quiçá eu poder desenvolver um comentário que não repetisse pelo menos 90% do que foi dito por Jarbas Vasconcelos. Os trechos de sua entrevista dizem exatamente o que é preciso. Mas reforço: PMDB é um partido que, da ditadura até os dias de hoje, só mudou o "P"; Bolsa-Familia: bem, acho que ainda consigo ver um fundo de "passo de um processo". O resto, é resto.

    Ao ver os novos "escândalos" (?) que aparecem no noticiário, me pergunto: como é possível que o LULA tenha 84% de aprovação (desconfio das fontes)? A população tem memória muito curta. Está na hora de cortar big brother; parar de cair avião; parar de achar crianças abandonadas... é incrivel como desviam a atenção na cara dura. E o povo continua caindo. Eu também já cai um monte de vezes. Fazer o que?! Fazer o QUE?!

    Quando sonhei em ser diplomata não sabia que o Brasil precisava tanto de uma melhora nesta área.

    Enfim.

    Um grande abraço para ti. E continue assim meu amigo jornalista!

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