sábado, 26 de dezembro de 2009

Férias prolongadas!


O Mundo ficará inativo por um período, porque este blogueiro vai tirar as devidas férias! haha

Ótima oportunidade para conferir os posts sobre literatura, que não envelhecem.

Nos vemos por aí!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Jornalismo - 1ª Conferência Nacional de Comunicação (I)

Voltando a dar vida ativa ao blog, a agenda de hoje é a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, a Confecom.

Iniciada na segunda, 14, e terminando amanhã, 17, a Confecom é a primeira grande mobilização política que envolve a comunicação na história do país. Mais de 1500 delegados, em vários Grupos de Trabalho, estão trabalhando propostas e definições para o futuro da comunicação.

Do site oficial da Confecom:

"Luiza Erundina destaca o bom nível dos debates

A deputada federal Luiza Erundina, há 10 anos envolvida com as questões da comunicação e delegada do Grupo de Trabalho 8 da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (1ª Confecom), que trata do sistema de outorgas, fiscalização e propriedade das entidades distribuidoras de conteúdo, mostrou-se impressionada com o nível dos debates e o conhecimento do tema entre todos os segmentos envolvidos
".

Deputada Luiza Erundina, na Confecom (Site Oficial).

É saudável notar que a discussão sobre a comunicação não se transformou em algo imaturo, visto que esta é a primeira conferência nacional sobre o assunto. Claro que, lendo principalmente o "Observatório da Imprensa", notam-se inúmeras falhas na logística da Confecom - porém, o debate está aí.

Só para variar, a Folha vem com uma cobertura muito parcial, com a cara lavada, da Confecom. Na notícia "Conferência de comunicação pede transparência em concessões", de Elvira Lobato, o jornal define arbitrariamente o que é favorável ou não às empresas:

"Na agenda do evento estão várias propostas contrárias às empresas de radiodifusão, como o controle social sobre a mídia e a criação de horários gratuitos nas TVs e rádios para os movimentos sindicais e sociais.

A conferência não tem poder para impor mudanças, mas apenas para recomendá-las
".

De qualquer forma, eu quero salientar um ponto fundamental: a ausência das principais lideranças das empresas privadas da Conferência.

Disse o presidente Lula:

"Por isso mesmo, lamento que alguns atores da área da comunicação tenham preferido se ausentar desta Conferência, temendo sabe-se lá o quê. Perderam uma ótima oportunidade para conversar, defender suas ideias, lançar pontes e derrubar muros. Eu, que sou um homem de conversa e de diálogo, volto a dizer: lamento. Mas cada um é dono de suas decisões e sabe onde lhe aperta o calo. Bola pra frente, e vamos tocar nossa Conferência".

É muito claro, salvo a discrição, o porquê de as empresas (além da Bandeirantes e da RedeTV) se ausentarem da Confecom: elas querem fugir da discussão bilateral sobre as concessões de radiodifusão no Brasil, porque de qualquer modo, essa discussão bilateral lhes é prejudicial. O próprio Lula salientou que a Constituição sobre o assunto é muito antiga (o Código Brasileiro de Telecomunicações é de 1962). É fácil notar que a sociedade sofreu alterações profundas desde então - e o campo das comunicações também. Também por isso, deixando de lado qualquer análise crítica da situação, o código legal deve impreterivelmente sofrer alterações.

Lula também tocou no ponto de convergência das mídias: ele afirmou que a Internet cresce dia-a-dia na difusão de informações (multimídia, inclusive), e que é notável uma "horizontalização" (neologismo meu) dessa difusão. Percebe-se isso muito claramente entre as redes sociais e a blogosfera. Lula ainda ressaltou que isso não fere o bom jornalismo, o que de fato é verdade.

Assista o discurso do presidente Lula na abertura da Confecom:





Clique aqui para conferir o discurso completo.

Amanhã, 17, a plenária final da Confecom será concluída. Aguardamos pelas decisões definitivas.

Leia mais sobre a 1ª Confecom:
1ª Conferência Nacional de Comunicação - Site Oficial
Observatório da Imprensa

Uma conferência sob o signo da liberdade de imprensa - Blog do Planalto

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Cem posts depois...




Esse é o post de número 100 do blog O Mundo.

O projeto de um blog era antigo, desde a época do ensino médio o adolescente bobo já queria ter um para escrever qualquer coisa. E ai, veio a faculdade, e com ela, o assunto a se escrever. A ideia inicial do blog sempre foi falar sobre política e literatura, dois campos do conhecimento que eu amo. Porém, com o desenrolar da faculdade de comunicação, outra paixão se enraizou em mim: o jornalismo.

Do dia 15 de janeiro para cá foram quase 100 dias de dedicação ao blog e, principalmente, aos (poucos) leitores. Mas hoje, me sinto satisfeito. Vejo que 100 posts depois, a minha paixão por manter um espaço como este só aumentou.

Aliás, desde que eu comecei a perceber, com o auxílio das aulas de certa disciplina da faculdade, que a imprensa (e consequentemente) o jornalismo do Brasil formavam praticamente um partido político, estabeleci uma meta: criticar esse mau uso do campo, e de certa forma expor às pessoas os descasos e mentiras que transpassam tudo isso no país. A blogosfera, nos últimos anos, se transformou num espaço imenso e inédito: um espaço de crítica à mídia, algo que praticamente nunca ocorreu no Brasil (salvo jornais inesquecíveis, como O Pasquim, que fazia um trabalho mais ou menos nesse sentido).

Por isso, eu afirmo: a leitura plural da crítica da mídia é tão (ou mais) relevante quanto a leitura da mídia tradicional. Ler, ouvir ou assistir os jornais tradicionais é, e sempre foi, importante, sim. Entretanto, no cenário atual, torna-se indispensável a leitura desses jornais por um viés crítico: eles constituem uma rede de empresas privadas dotadas de interesses próprios - é nesse contexto que a crítica da mídia se insere como fundamental nas relações entre audiência e meios de comunicação. Para entender, avaliar, de fato, se informar sobre os assuntos.

A imensa possibilidade de informações que a Internet disponibiliza fortalece uma noção que os estudos em comunicação da escola funcionalista dos EUA pregam desde os anos 1940: a disfunção narcotizante. Os sociólogos Paul Lazarsfeld e Robert Merton defendiam em seus estudos que a exposição à informação poderia causar uma situação "narcotizante" aos receptores dessa informação, ou seja, a ideia de que estar bem informado é possuir qualquer papel social.

Se esta noção está certa, no que eu acredito, atualmente um passo fundamental para derrubá-la é a leitura diária da crítica da mídia.

100 posts depois, eu falo: ao mesmo tempo em que o leitor abre os sites do UOL, da Globo, do Estado de São Paulo, abra os de crítica. A sua leitura acerca da mídia e das relações sociais do Brasil ampliará de uma maneira fenomenal. Se eu conseguir atingir uma pessoa que seja com esta mensagem, terei a certeza de que este blog cumpriu seu objetivo, e de que eu cumpri meu propósito.

Segue alguns links de blogs e sites de crítica à mídia:
Brasília, Eu Vi - Leandro Fortes
Conversa Afiada - Paulo Henrique Amorim
Fernando Molica
Blog do Luis Nassif
Observatório da Imprensa
Vi o Mundo - Luiz Carlos Azenha
e outros, muitos outros por aí afora.

No mais, muito obrigado pelas visitas e pelos comentários! O apoio de todos é sempre muito bom para mim.

O Mundo continua, sempre com ambições cada vez maiores.

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100 posts depois, Drummond nos fala novamente:

Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Política e Jornalismo - O misto sujo do Brasil

O assunto da semana, para mim, mais uma vez, sim, mais uma vez, é o assassinato do jornalismo no Brasil.

Na sexta, 27, a Folha de São Paulo publicou um artigo do senhor Cesar Benjamin, um zé ninguém que participou do movimento estudantil nos anos 1970. Ele foi vice candidato na candidatura apocalíptica de Heloísa Helena em 2006 pelo PSOL, e é editor de livros. No referido artigo, este senhor traça uma melodramática narrativa, quase que literária se seu texto tivesse maior qualidade, expondo seu tempo de preso político na ditadura militar. Relembra de conhecidos, de suas experiências, e de seus dramas.

Cesar Benjamin, à esquerda na foto, com seus amigos Serra, Requião e Dias. Belo dream team, hein?

Depois de alguns parágrafos de uma autobiografia sem sentido, em plena FSP, o senhor Cesar Benjamin transpassa uma acusação direta, inescrupulosa e ressentida para a pessoa de Luis Inácio Lula da Silva. Acompanhe as palavras daquele senhor:

"[Numa reunião, em 1994] Lula puxou conversa: 'Você esteve preso, não é Cesinha?' 'Estive.' 'Quanto tempo?' 'Alguns anos...', desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: 'Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta'.
Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de 'menino do MEP', em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do 'menino', que frustrara a investida com cotoveladas e socos.

Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o "menino do MEP'
..."

Qualquer comentário meu será desprovido de razão, ética, ou qualquer outro campo lúcido da elaboração textual. Vou deixar Luis Nassif responder às vis palavras:

"Quando a acusação é gravíssima e atinge o presidente da República – seja ele Sarney, Itamar, FHC ou Lula – o cuidado deve ser triplicado, porque aí não se trata apenas da pessoa, mas da instituição. Qualquer acusação grave contra um presidente repercute internacionalmente, afeta a imagem do país como um todo. Se for verdadeira, pau na máquina. Se for falsa, não há o que conserte os estragos produzidos pela falsificação.

[...]

A acusação é inverossímil. Na sexta conversei com o delegado Armando Panichi Filho, um dos dois incumbidos de vigiar Lula na cadeia. Ele foi taxativo: não só não aconteceu como seria impossível que tivesse acontecido.

Lula estava na cela com duas ou três presos. A cela ficava em um corredor, com as demais celas. O que acontecesse em uma era facilmente percebida nas outras.

Havia plantão de carcereiros 24 horas por dia. E jornalistas acompanhando diariamente a prisão.


[...]

Benjamin não diz que Lula cometeu o ato. Diz que ouviu o relato de Lula em 1994, em um encontro que manteve em Brasília com um marqueteiro americano, contratado pela campanha, mais o publicitário Paulo de Tarso Santos e outras testemunhas.

Conversei com Paulo de Tarso – que já fez campanha para FHC, Lula – que lembra do episódio do americano mas nega que qualquer assunto semelhante tivesse sido ventilado, mesmo a título de piada. E nem se recorda da presença de Benjamin no almoço
".

A Folha atingiu todos os limites éticos e morais da profissão. Jogou no lixo sua história de pluralidade (como há tempos vinha fazendo). Assassinou, de dentro para fora, o jornalismo brasileiro. Tudo isso em nome do que? Ódio? Vontade de controlar o país? O quê?

Leia mais sobre este desastre para o jornalismo:

Perdoem-me, leitores, o lugar-comum do texto retórico. Mas é incrível perceber, aos poucos, que a imprensa praticada no Brasil é tão vil quanto a política da terra brazilis.

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O PFL, digo, DEM, da direita reacionária do sudeste fez cair sua máscara. Será que a Veja vai dar capa pra isso? Duvido. (Charge do Duke retirada do Charge Online).